Em greve de fome há 15 dias, os sete militantes que protestam em Brasília pela liberdade do ex-presidente da República Luiz Inácio Lula da Silva (PT), preso em Curitiba, tiveram nesta terça-feira (14) a visita do argentino Nobel da Paz, Adolfo Pérez Esquivel. Os grevistas estão recebendo atendimento médico constante, incluindo tratamento contra dores musculares, devido ao estado de desnutrição e podem entrar em colapso a qualquer momento, segundo a médica de Família e Comunidade, Maria da Paz Feitosa de Sousa.
A profissional está acompanhando o grupo desde o início da greve e afirmou que a partir de agora é alto o risco de paradas cardíacas. "Eles estão em um estado de alta vulnerabilidade", disse. A equipe médica monitora a pressão dos grevistas constantemente e fornece água e soro para hidratação oral dos manifestantes.
Na manhã desta terça, o grupo organizou um evento religioso em frente ao Supremo Tribunal Federal (STF), com a presença de Esquivel, do dirigente do MST, João Pedro Stédile, entre outros. Para cumprimentar os grevistas, a equipe organizou uma fila para que os apoiadores pudessem higienizar as mãos antes de cumprimentá-los e, aqueles que apresentavam qualquer sinal de doença, foram convidados a não se aproximar.
"A fraqueza está grande, mas o sentimento é forte. Colocamos nossas vidas à disposição da causa", disse o militante Jaime Amorin, de 55 anos, um dos grevistas.
Esquivel disse que acompanha de longo tempo "a grave situação que vive o Brasil". "Querem impedir que Lula chegue ao poder porque isso mudaria o panorama não só do Brasil mas de toda a América Latina."
Audiência
Stédile afirmou que o movimento tem nesta terça, às 14 horas, uma audiência com a presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), Cármen Lúcia, reunião da qual Esquivel deve participar. "Vamos pedir que se faça justiça. Isso é uma responsabilidade histórica dos juízes. Ou são pessoas livres ou são pessoas dominadas", completou.
No dia 8, o movimento se reuniu com o ministro do STF Ricardo Lewandowski. Durante a audiência, os manifestantes comentaram com Lewandowski a situação das pessoas no campo e demonstraram preocupação com um futuro governo que não olhe para os pobres.