Religiosa e discreta, Michelle Bolsonaro, a futura primeira-dama, se manteve longe dos holofotes até agora, mas com a eleição de seu marido, Jair Bolsonaro, à Presidência da República, a brasiliense de 38 anos iniciou uma fase de maior exposição.
Michelle de Paula Firmo Reinaldo nasceu em Ceilândia, perto de Brasília, em uma família de origem humilde.
Flertou com a carreira de modelo, mas desistiu rapidamente. Teve alguns trabalhos temporários até entrar no Congresso como secretária. Foi lá que conheceu o futuro marido.
A centelha da paixão acendeu rápido e pouco tempo depois, o então deputado federal lhe fez uma oferta de trabalho que resultou em um casamento civil. A relação custou o emprego a Michelle por se tratar de um caso de nepotismo.
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De gostos simples, nas poucas aparições públicas Michelle diz ter sido ensinada a não negar água, nem comida a ninguém e se define como uma pessoa dedicada aos portadores de deficiência.
Ela aprendeu a linguagem de sinais e, em uma rara entrevista durante a campanha, disse que realizaria todos os trabalhos sociais possíveis. "É um chamado que eu tenho, né? Tive essa aproximação com as pessoas com deficiência, os surdos, eu tive um tio surdo também. Tenho muito amor por essa comunidade".
Mulher de fibra
Desde que Bolsonaro venceu a eleição, em outubro, Michelle tem demonstrado mais projeção. Ela mantém sua conta no Instagram privada, mas retomou o Twitter no fim de outubro.
Na foto de perfil aparece imitando uma arma com a mão, símbolo popularizado na campanha do marido, partidário de uma maior flexibilização no acesso às armas de fogo como forma de enfrentar a criminalidade.
Pelo Twitter, negou ter ordenado a retirada de símbolos católicos do Palácio da Alvorada, a residência presidencial, devido à sua fé evangélica, contradizendo uma informação publicada na imprensa.
"Quanta maldade, eu sou evangélica meu marido católico, nos respeitamos, jamais faltaria com respeito a religião dele ou a religião de qualquer pessoa", reagiu.
Ela compartilha os posts de Bolsonaro, de seus enteados e principais seguidores, mas também usa sua própria voz para apoiar as posições do presidente eleito e atacar o Partido dos Trabalhadores (PT), que governou o país durante treze anos com os ex-presidentes Luiz Inácio Lula da Silva e Dilma Rousseff.
Sua suave e melodiosa contrasta com o estilo fanfarrão de seu marido, que - em contraste com seus constantes discursos misóginos - só tem palavras de amor para esta loira de tamanha fé que em seu casamento religioso, em 2013, proibiu música ao vivo e escolas de samba, segundo o jornal Folha de S. Paulo.
Ela tampouco economiza expressões para demonstrar sua admiração pelo capitão do Exército na reserva, eleito presidente da República neste 28 de outubro ao derrotar o professor universitário Fernando Haddad (PT).
"Ele é um cara humano, que se preocupa com as pessoas. Ele é um ser humano maravilhoso, quem convive sabe que ele é assim", disse Michelle em um vídeo difundido por um dos filhos de Bolsonaro este ano.
Mãe de duas meninas, uma de 16 anos de um primeiro relacionamento, e da pequena Laura Bolsonaro, de 8 anos, Michelle é, segundo a imprensa, uma mulher firme.
"Ela não dá mole para as gurias. Está sempre observando o que elas fazem, acompanha tudo. Bolsonaro diz que quando ela está no comando, brigando com as filhas, ele nem se mete com medo", comentou o pastor evangélico Silas Malafaia, amigo e casamenteiro do casal, citado pelo portal G1.
Paradoxalmente, o conservador Bolsonaro, de 63 anos, casou-se e divorciou-se duas vezes antes de encontrar Michelle, e teve quatro filhos de seus casamentos anteriores. Orgulhoso da prole masculina, chegou a afirmar que sua caçula era fruto de uma "fraquejada" sua.
Com sua posse no dia 1º de janeiro, o casal deixará a residência no Rio de Janeiro para voltar a morar em Brasília. Agora, em novo endereço