OPERAÇÃO LAVA JATO

Após perder foro, Pezão vira réu e será julgado por Bretas

O ex-governador Luis Fernando Pezão e outras 13 pessoas são acusados dos crime de corrupção, lavagem de dinheiro e organização criminosa

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Publicado em 18/01/2019 às 21:12
Foto: Fernando Frazão/Agência Brasil
O ex-governador Luis Fernando Pezão e outras 13 pessoas são acusados dos crime de corrupção, lavagem de dinheiro e organização criminosa - FOTO: Foto: Fernando Frazão/Agência Brasil
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O juiz federal Marcelo Bretas aceitou nesta sexta-feira (18) denúncia apresentada pela Procuradoria Geral da República (PGR) e transformou em réus 14 pessoas, entre elas o ex-governador do Rio de Janeiro, Luis Fernando Pezão (MDB). Com base nas investigações da Operação Boca de Lobo, um dos desdobramentos da Operação Lava Jato, eles são acusados dos crimes de corrupção, lavagem de dinheiro e organização criminosa.

A denúncia da PGR foi apresentada em 19 de dezembro ao Superior Tribunal de Justiça (STJ), por conta do foro privilegiado de Pezão, que ocupou o posto de governador fluminense entre 2014 e 2018. Com o fim do mandato e a posse de seu sucessor Wilson Witzel em 1º de janeiro deste ano, os autos foram remetidos para a primeira instância da Justiça Federal. Dessa forma, a aceitação ou não da denúncia coube a Marcelo Bretas, juiz responsável pelas ações relacionadas com as investigações da Lava Jato no Rio de Janeiro.

"Verifico estarem minimamente delineadas a autoria e a materialidade dos crimes que, em tese, teriam sido cometidos pelos acusados, o que se afere do teor da documentação que instrui a exordial, razão pela qual considero haver justa causa para o prosseguimento da ação penal", escreveu Bretas na decisão.

Pezão está preso preventivamente desde o dia 29 de novembro de 2018. Sem condições de exercer suas funções políticas, seu mandato foi encerrado com seu vice Francisco Dornelles no posto de governador em exercício. Coube a ele, transferir o cargo  para Witzel.

Além de Pezão, pessoas que trabalharam em sua gestão também responderão à ação. Entre elas o seu ex-secretário de governo, Affonso Henrique Monnerat, e seu ex-secretário de Obras, José Iran Peixoto. Ambos também estão presos.

O ex-governador Sérgio Cabral (MDB) é outro entre os 14 que assumem a condição de réu. Ele está preso desde novembro de 2016. Investigações que se desdobraram da Operação Lava Jato o apontaram como líder de diversos esquemas de corrupção no período entre 2007 e 2014, quando foi governador do Rio de Janeiro. Entre as práticas ilícitas, estaria a cobrança de propina de empresas no valor de 5% dos contratos firmados com o estado. Ele tem nove condenações com penas que somam quase 200 anos de prisão. Dessas sentenças, oito foram assinadas por Bretas.

Investigações

As investigações da Operação Boca de Lobo tiveram como ponto de partida depoimentos de Carlos Miranda, apontado como operador dos esquemas de corrupção de Sérgio Cabral. Ele assinou um acordo de delação premiada e disse que garantiu uma mesada de R$ 150 mil mensais a Pezão, quando ele foi vice-governador, entre 2007 a 2014. Segundo a PGR, esses pagamentos foram comprovados por meio de quebras de sigilos autorizadas pela Justiça e de materiais apreendidos na investigação.

Quando apresentou o pedido que levou à prisão de Pezão em novembro do ano passado, a procuradora-geral da República, Raquel Dodge, disse ter ficado demonstrado que, apesar de ter sido “homem de confiança de Sérgio Cabral e assumido papel fundamental naquela organização criminosa, inclusive sucedendo-o na sua liderança, Luiz Fernando Pezão operou esquema de corrupção próprio, com seus próprios operadores financeiros”.

A PGR quer, além da prisão, que os envolvidos sejam obrigados a pagar aos cofres públicos R$ 39,1 milhões como forma de indenização. A Agência Brasil fez contato com o escritório de advocacia responsável pela defesa de Pezão, mas ainda não obteve retorno.

Além desse processo penal, Pezão também tem sido alvo de ações civis públicas ajuizadas pelo Ministério Público do Rio de Janeiro (MPRJ). Na última delas , tornada pública no início do mês, ele é acusado de improbidade administrativa por ter recebido R$11,4 milhões da Federação das Empresas de Transportes de Passageiros do Rio de Janeiro (Fetranspor) para atuar em favor dos interesses da entidade.

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