REPERCUSSÃO

Senadores divergem sobre posse de armas após tragédia em Suzano

Humberto Costa (PT) criticou o decreto de Bolsonaro que facilita o acesso à posse de armas; o senador Major Olímpio (PSL) rebateu

Da editoria de Política
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Publicado em 13/03/2019 às 15:24
Foto: Edilson Rodrigues / Agência Senado
Humberto Costa (PT) criticou o decreto de Bolsonaro que facilita o acesso à posse de armas; o senador Major Olímpio (PSL) rebateu - FOTO: Foto: Edilson Rodrigues / Agência Senado
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Senadores lamentaram, durante reunião da Comissão de Constituição, Justiça e Cidadania (CCJ), o ataque na manhã desta quarta-feira (13) em uma escola na cidade de Suzano (SP). Durante a sessão, os parlamentares divergiram sobre o decreto que facilita a posse de armas assinado no início do ano pelo presidente Jair Bolsonaro (PSL). 

Na avaliação de senadores como Humberto Costa (PT-PE), Randolfe Rodrigues (Rede-AP), Fabiano Contarato (Rede-ES) e Rogério Carvalho (PT-SE), facilitar o acesso a armas de fogo, como prevê o Decreto 9.685, de 2019, pode aumentar a incidência de episódios violentos como o ocorrido em Suzano. Eles defendem a aprovação do projeto de decreto legislativo que susta a medida (PDL 23/2019). A proposta está em análise na própria CCJ.

"Se cada cidadão brasileiro pode ter na sua residência quatro armas, como prevê esse decreto apresentado pelo presidente da República, a chance de nós termos episódios como esse cresce enormemente. E não é exatamente ampliando a possibilidade de as pessoas terem armas, a posse de armas, que nós vamos acabar com a posse ilegal e com a posse irregular", argumentou Humberto, líder do PT na Casa.

Para o senador Alessandro Vieira (PPS-SE), a cultura da violência está na raiz dessas tragédias. "Estamos importando para o Brasil uma cultura de violência gratuita. Isso não começou hoje, não começou agora, mas vem sendo agravado paulatinamente, especialmente pelo ambiente que tivemos na última disputa eleitoral. Precisamos resgatar no Brasil o que sempre tivemos, que é um ambiente de maior possibilidade de discussão harmônica entre pessoas que se opõem por algum motivo", apontou.

'Política desarmamentista'

Por outro lado, Major Olímpio (PSL-SP), Mecias de Jesus (PRB-RR) e outros parlamentares consideram que o decreto e a derrubada do Estatuto do Desarmamento (que mudou as regras para porte e posse de armas em 2003) são fundamentais para assegurar aos cidadãos o direito de se proteger.

Para estes senadores, a tragédia demonstra o 'fracasso' da política desarmamentista. "Se houvesse um cidadão com uma arma regular dentro da escola, um professor, um servente ou policial aposentado que trabalha lá, ele poderia ter minimizado o tamanho da tragédia", defendeu Major Olímpio, que é líder do PSL no Senado.

A presidente do colegiado, Simone Tebet (MDB-MS), afirmou que a comissão continuará discutindo projetos que ajudem a reduzir o problema da violência. Ela lembrou que o ministro da Justiça, Sergio Moro, estará no Senado no dia 27 para debater o tema. 

Autoridades se manifestaram sobre a tragédia

Presidente do Senado - Davi Alcolumbre

O presidente do Senado Federal, Davi Alcolumbre (DEM-AP), disse prestou solidaridade às famílias das vítimas, via Twitter. "É com perplexidade que recebi, a notícia do tiroteio no colégio estadual Raul Brasil, em Suzano-SP. Eu me solidarizo às famílias das vítimas e espero que as reais causas dessa tragédia sejam descobertas."

Presidente da Câmara - Rodrigo Maia

O presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia (DEM-RJ), usou também as redes sociais para dizer que o momento é de união. "A tragédia de Suzano, hoje, mostra que é hora de o Brasil unir forças e competências para compreender o que houve e impedir a repetição de massacres como este. Precisamos ser solidários com as famílias, parentes e amigos das crianças e dos funcionários da escola Raul Brasil."

Ministra da Mulher, Família e dos Direitos Humanos - Damares Alves

A ministra da Mulher, da Família e dos Direitos Humanos, Damares Alves, também prestou condolências às famílias das vítimas. "Acordamos hoje com esta terrível notícia e estou estarrecida. Às famílias manifesto meu imenso pesar e coloco este Ministério à disposição para prestar todo o apoio necessário. Que Deus abençoe os que estão em atendimento para que sobrevivam", escreveu em sua conta no Twitter.  "Este é o momento de atender os feridos e confortar as famílias. Também é importante saber o que aconteceu. Nossas crianças e adolescentes estão em sofrimento. Este governo já estuda políticas públicas para enfrentar isto", acrescentou.

Ministro da Casa Civil - Onyx Lorenzoni

Em mensagem, o ministro da Casa Civil, Onyx Lorenzoni, publicou mensagem de pesar pelo ataque. "Meus sentimentos às famílias das vítimas do terrível atentato em Suzano".

TRAGÉDIA DEIXA MORTOS

Dois jovens, um deles adolescente, mataram oito pessoas e depois se mataram dentro da Escola Estadual Raul Brasil, em Suzano, na Região Metropolitana de São Paulo, nesta quarta-feira, segundo a Polícia Militar do Estado. Até o momento, a PM registrou a morte de cinco alunos, um funcionário do colégio, uma pessoa que passava pela rua no momento dos disparos, além dos dois autores dos disparos, totalizando 10 mortos.

Morreu ainda uma vítima levada para hospital. Além disso, há outras 17 pessoas feridas sendo atendidas nos hospitais da cidade. O coronel Salles, da Polícia Militar, disse que, antes de entrar na escola, os dois atiradores dispararam contra o proprietário de um lava rápido que fica em frente à escola. Neste momento, o homem está passando por cirurgia na Santa Casa de Suzano.

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