Depoimentos de dois delatores levantaram suspeita de que a milícia conhecida como "Escritório do Crime" conte com infiltrados dentro da Delegacia de Homicídios (DH) do Rio de Janeiro. Ao menos oito inquéritos da DH estão sob investigação da PF por determinação da Procuradoria-Geral da República (PGR), que ouviu os depoimentos. Entre eles, estão os casos relacionados ao assassinato da vereadora Marielle Franco (PSOL) e do motorista Anderson Gomes, segundo informações do UOL.
Um dos delatores, o ex-PM Orlando Oliveira de Araújo, o Orlando Curicica, apelidado em referência ao bairro onde chefiava uma milícia no Rio, afirmou em depoimento que integrantes do Escritório pagavam uma espécie de mesada para alguns policiais da DH interferirem nas investigações sobre as execuções praticadas pelo grupo paramilitar, impedindo que chegassem aos responsáveis pelos crimes. Além de Curicica, um segundo delator afirmou que há infiltrados entre os agentes que atuam na delegacia especializada.
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"Pente-fino"
Além da investigação da morte de Marielle e Anderson, o UOL confirmou que outros três casos estão sendo passando por uma varredura da Polícia Federal. São eles: o homicídio do empresário Marcelo Diotti da Mata, morto a tiros na mesma noite em que a vereadora e o motorista foram assassinados, e duas mortes de herdeiros do jogo do bicho.
Em fevereiro deste ano, a PF cumpriu mandados de busca e apreensão em imóveis de pessoas citadas nas delações. Dentre eles, o ex-deputado estadual e conselheiro afastado do Tribunal de Contas do Estado (TCE), Domingos Brazão, suspeito de obstruir a investigação do caso Marielle. Em março de 2017, o ex-deputado chegou a ser preso no âmbito da Operação Quinto do ouro, que apura esquema de propina no TCE do Rio.
Escritório do Crime
As investigações apontam o "Escritório do Crime" como principal grupo miliciano envolvido em crimes de assassinato sob encomenda no Rio de Janeiro. A milícia é formada por policiais e ex-policiais treinados em unidades de elite da polícia, como o Bope, da Polícia Militar. O sargento PM reformado Ronnie Lessa, preso na última terça (12) como suspeito de ter efetuado os disparos que mataram Marielle e Anderson, já foi integrante do grupo.