Parlamentares do centrão ameaçam desenterrar e votar a reforma da Previdência do governo Michel Temer (MDB) como forma de demonstrar descontentamento com o presidente Jair Bolsonaro (PSL). Desde a semana passada, membros das legendas que apoiam alterações nas regras de aposentadoria, mas que não têm gostado do tratamento que o governo tem dado ao Congresso começaram a considerar ignorar a proposta do ministro da Economia, Paulo Guedes, segundo a Folha de S. Paulo.
Com a relação entre Bolsonaro e o presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ) tensionada, os deputados viram na manobra ensaiada uma forma de dar ao governo um recado sobre sua insatisfação política. Apesar da articulação de seus aliados, Maia negou haver a intenção de engavetar a reforma de Bolsonaro e ressuscitar a de Temer.
De acordo com o jornal, deputados e presidentes de partidos disseram que a ideia surgiu em conversas informais. Os parlamentares e líderes partidários, acreditam que o texto proposto pelo então presidente Michel Temer é menos duro, mais palatável e com projeções de economia mais factíveis e transparentes.
O ministro Paulo Guedes pretende economizar R$ 1 trilhão em dez anos, se for a reforma do governo for aprovada. Em 2017, Temer previa poupar R$ 800 bilhões em igual período, e a proposta aprovada na comissão especial sobre a reforma na Câmara fechou o valor em R$ 600 bilhões.
Reunião
Rodrigo Maia deve se reunir nesta terça-feira (26) com líderes dos partidos na Câmara para discutir a reforma, durante um almoço. No encontro, deputados do MDB, DEM, PRB, PSD, PP e PR devem declarar apoio às mudanças na Previdência Social, vetando, porém, novas regras para aposentadoria rural e Benefício de Prestação Continuada (BPC). Para os parlamentares, o texto do governo Bolsonaro é cruel com os mais pobres e os grupos mais vulneráveis.
Já em relação à reforma da Previdência de Temer, deputados apontam que uma das facilidades seria que o texto, já relatado por Arthur Maia (DEM-BA), está pronta para ir ao plenário e ser submetida à votação. A proposta do emedebista inclui alterações mais suaves no BPC e na aposentadoria rural.
Leia Também
- A reforma da Previdência e o momento crítico que o Brasil vive
- Congresso sabe da importância da reforma da Previdência, diz Guedes
- Guedes promete boas medidas depois da reforma da Previdência
- Nem o PSL está convencido sobre reforma da Previdência, diz líder do partido na Câmara
- Bolsonaro quer garantir aprovação da reforma da Previdência, diz porta-voz
Os líderes desse movimento pela volta do texto de Temer dizem que as regras de transição da Proposta de Emenda à Constituição (PEC) de Bolsonaro são muito complicadas. A proposição prevê três modelos que vigorariam juntos.
Na reforma de Temer só há um modelo, que fala do aumento gradual da idade mínima para aposentadorias. A transição é ainda mais suave, foi pensada para acontecer em 20 anos em vez de 10. Além disso, o texto não contém a proposta de capitalização, ponto fortemente criticado na PEC de Bolsonaro.