CRISE

Carlos Bolsonaro e as tuitadas contra Mourão

O filho do presidente Jair Bolsonaro tem protagonizado uma série de ataques ao vice-presidente, general Hamilton Mourão

Marcelo Aprígio
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Marcelo Aprígio
Publicado em 23/04/2019 às 12:35
Foto: Sérgio Lima/AFP e Romério Cunha/VPR
O filho do presidente Jair Bolsonaro tem protagonizado uma série de ataques ao vice-presidente, general Hamilton Mourão - FOTO: Foto: Sérgio Lima/AFP e Romério Cunha/VPR
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O vereador do Rio de Janeiro, Carlos Bolsonaro (PSC), filho do presidente Jair Bolsonaro (PSL), tem protagonizado uma série de ataques ao vice-presidente, general Hamilton Mourão (PRTB). Nesta terça-feira (23), Carlos, que é responsável pela estratégia de comunicação das redes sociais do pai, traduziu e expôs o que, segundo ele, seria um convite para uma palestra de Mourão nos Estados Unidos, em que o general é chamado de "voz da razão e moderação" no governo marcado por 100 dias de "paralisia política".

Na segunda-feira (22), Carlos postou um print com a curtida de Mourão em uma publicação da jornalista Rachel Sheherazade, do SBT, acompanhado da frase: "Tirem suas conclusões".  Na publicação, Sheherazade afirma que o vice-presidente é “um representante do governo que não nos causa vergonha alheia” e disse ainda que Mourão e Bolsonaro são diferentes. “Um é o vinho, o outro o vinagre”, tuitou a jornalista.

No começo da tarde desta terça, Carlos voltou a usar o Twitter para atacar o vice-presidente ao publicar o vídeo em que Mourão afirma que a população da Venezuela deve estar desarmada para evitar uma guerra civil no país. "Enquanto ele tiver apoio militar, a população que é de oposição e contrária a Maduro ela está desarmada e tem que estar, porque senão nós iríamos para uma guerra civil na Venezuela, o que seria horrível para o hemisfério como um todo", diz o general no vídeo publicado por Carlos. 

A fala do vice-presidente foi classificada pelo vereador carioca como "pérolas que mostram muito mais do que palavras ao vento, mas algo que já acontece há muito tempo." Carlos ainda disse que a declaração de Mourão é uma reação de alguém que está em seu "último suspiro de vida".

Além do filho, nesta segunda-feira, em mais uma troca de ofensas e provocações virtuais, o vice respondeu ao escritor Olavo de Carvalho, que costuma criticar os militares do governo, dizendo que o escritor que vive nos Estados Unidos deveria se dedicar àquilo que sabe fazer, de fato: a astrologia. Olavo respondeu horas depois, dizendo que não se surpreendia com a ultradireita contrária a Bolsonaro apoiar o vice-presidente.

O episódio levou o presidente Jair Bolsonaro a criticar, pela primeira vez, Olavo, apontado como guru da família Bolsonaro. Em apoio ao escritor, Carlos Bolsonaro afirmou, por meio de sua conta no Twitter, que “Olavo é uma gigantesca referência do que vem acontecendo há tempos no Brasil. Desprezar isto só têm três motivos: total desconhecimento, se lixando para os reais problemas do Brasil ou acha que o mundo gira em torno de seu umbigo por motivos que prefiro que reflitam.”

Ainda nessa segunda, Carlos curtiu um tuíte em que uma usuária afirma que Mourão “virou instrumento da oposição para atacar o governo, tentando enfraquecer a sua popularidade com informações tendenciosas.”

Na terça-feira (16), o deputado federal e vice-líder do governo Marco Feliciano (Podemos-SP) protocolou um pedido de impeachment contra Mourão. Na peça, Felciano acusa o general de ter tido comportamento indecoroso e vê crime de responsabilidade ao curtir o post de Sheherazade.

'Michel Temer de Bolsonaro'

Segundo o jornalista Lauro Jardim, do jornal O Globo, o presidente Jair Bolsonaro foi alertado por uma aliada de que Levy Fidelix, presidente do PRTB, legenda à qual Mourão é filiado, tem atuado na construção de uma base dentro do Congresso Nacional de maneira autônoma e independente do PSL.

Depois de ser avisado sobre as movimentações do único partido que apoiou Bolsonaro nas eleições de 2018, o presidente disse que está atento às articulações do vice-presidente e do PRTB, que pode já nos próximos meses apoio de cem deputados nas votações da Câmara Federal. De acordo com Jardim, nos bastidores, Mourão já vem sendo chamado de “Michel Temer de Bolsonaro”.

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