Durante sobrevoo em comunidade em Angra dos Reis, Rio de Janeiro, no último sábado (4), do helicóptero da Polícia Civil, no qual estavam a bordo um grupo de elite e o governador do Rio, Wilson Witzel (PSC), foram disparados dez tiros em cerca de um segundo. Um dos tiros, de acordo com informações do jornal O Globo, perfurou uma lona estendida numa trilha no Monte do Campo Belo, onde estava localizado um ponto de apoio para a peregrinação de evangélicos.
Segundo um morador ouvido pelo jornal, o local estava vazio no momento dos disparos, algo incomum para um sábado de manhã. "Foi um livramento. Nos fins de semana sempre tem alguém ali, ajoelhado junto à lona, rezando. Faz parte da nossa peregrinação e o prefeito sabe disso", afirmou o diácono da Assembleia de Deus Shirton Leone, referindo-se a Fernando Jordão (MDB), prefeito de Angra, que também estava no helicóptero.
Acusações e defesa
A Comissão dos Direitos Humanos da Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro denunciou Witzel à Organização dos Estados Americanos (OEA) pelo caso. O governador, que defende o uso letal de "snipers" contra traficantes, foi acusado de "legitimar a letalidade policial dentro das favelas e periferias do Rio". Em nota, a Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) afirmou que "vê com crescente preocupação a questão da segurança no Rio".
Em comunicado, o governo disse não ter recebido notificação da OEA, destacou que não houve vítimas na operação de Angra e frisou que sua política de segurança “é baseada em inteligência, investigação e aparelhamento das polícias Civil e Militar”. Sobre as críticas de instituições a seus métodos de trabalho, anteriormente Witzel havia afirmado que "é melhor abrir os olhos para o crime organizado e não para quem está fazendo o trabalho correto", segundo o jornal Estado de S. Paulo.
Em vídeo, o governador afirmou que ia "botar fim na bandidagem". No Twitter, escreveu: "Estou sobrevoando uma das áreas mais perigosas de Angra dos Reis, onde iniciamos uma operação da Core". A ação não teve resultado significativo, e, na última segunda (6), o governador afirmou que era só "uma operação de reconhecimento".
1. Estou, neste momento, sobrevoando uma das áreas mais perigosas de Angra dos Reis, onde iniciamos uma operação da equipe do CORE. Ao meu lado, estão o prefeito Fernando Jordão e o secretário estadual de Polícia Civil, Marcus Vinícius. pic.twitter.com/vSXqzswMdg
— Wilson Witzel (@wilsonwitzel) May 4, 2019
A viagem
Entre o sábado e o Domingo (5), Witzel ficou hospedado em um hotel de luxo de Angra, e um helicóptero do governo estadual ficou à sua disposição. Na segunda, ele afirmou que pagou com o próprio cartão de crédito as despesas de hospedagem. "Vou a trabalho, só faço deslocamentos a trabalho. Estou enfrentando o crime organizado. Quem decide se eu devo voar ou ir via terrestre é o Gabinete de Segurança Institucional. Não tenha dúvida de que qualquer gota de combustível está sendo usada na defesa do Estado", afirmou o governador.