RAJADA DE TIROS

Helicóptero com Witzel a bordo disparou contra tenda de orações

O helicóptero da Polícia Civil sobrevoava comunidade em Angra dos Reis, no Rio de Janeiro, e chegou a disparar dez tiros em um segundo

JC Online
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Publicado em 08/05/2019 às 13:10
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O helicóptero da Polícia Civil sobrevoava comunidade em Angra dos Reis, no Rio de Janeiro, e chegou a disparar dez tiros em um segundo - FOTO: Foto: Reprodução/Twitter
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Durante sobrevoo em comunidade em Angra dos Reis, Rio de Janeiro, no último sábado (4), do helicóptero da Polícia Civil, no qual estavam a bordo um grupo de elite e o governador do Rio, Wilson Witzel (PSC), foram disparados dez tiros em cerca de um segundo. Um dos tiros, de acordo com informações do jornal O Globo, perfurou uma lona estendida numa trilha no Monte do Campo Belo, onde estava localizado um ponto de apoio para a peregrinação de evangélicos.

Segundo um morador ouvido pelo jornal, o local estava vazio no momento dos disparos, algo incomum para um sábado de manhã. "Foi um livramento. Nos fins de semana sempre tem alguém ali, ajoelhado junto à lona, rezando. Faz parte da nossa peregrinação e o prefeito sabe disso", afirmou o diácono da Assembleia de Deus Shirton Leone, referindo-se a Fernando Jordão (MDB), prefeito de Angra, que também estava no helicóptero.

Acusações e defesa

A Comissão dos Direitos Humanos da Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro denunciou Witzel à Organização dos Estados Americanos (OEA) pelo caso. O governador, que defende o uso letal de "snipers" contra traficantes, foi acusado de "legitimar a letalidade policial dentro das favelas e periferias do Rio". Em nota, a Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) afirmou que "vê com crescente preocupação a questão da segurança no Rio".

Em comunicado, o governo disse não ter recebido notificação da OEA, destacou que não houve vítimas na operação de Angra e frisou que sua política de segurança “é baseada em inteligência, investigação e aparelhamento das polícias Civil e Militar”. Sobre as críticas de instituições a seus métodos de trabalho, anteriormente Witzel havia afirmado que "é melhor abrir os olhos para o crime organizado e não para quem está fazendo o trabalho correto", segundo o jornal Estado de S. Paulo.

Em vídeo, o governador afirmou que ia "botar fim na bandidagem". No Twitter, escreveu: "Estou sobrevoando uma das áreas mais perigosas de Angra dos Reis, onde iniciamos uma operação da Core". A ação não teve resultado significativo, e, na última segunda (6), o governador afirmou que era só "uma operação de reconhecimento".

A viagem

Entre o sábado e o Domingo (5), Witzel ficou hospedado em um hotel de luxo de Angra, e um helicóptero do governo estadual ficou à sua disposição. Na segunda, ele afirmou que pagou com o próprio cartão de crédito as despesas de hospedagem. "Vou a trabalho, só faço deslocamentos a trabalho. Estou enfrentando o crime organizado. Quem decide se eu devo voar ou ir via terrestre é o Gabinete de Segurança Institucional. Não tenha dúvida de que qualquer gota de combustível está sendo usada na defesa do Estado", afirmou o governador.

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