O presidente voltou a chamar de "idiotas úteis" os manifestantes que foram às ruas em mais de 200 cidades na quarta-feira passada (15) contra o contingenciamento do orçamento do Ministério da Educação. Ao comentar o assunto, nesse sábado (18), acabou utilizando a palavra "corte", em vez de contingenciamento. "E esse movimento do pessoal que eu cortei a verba. O que vocês acharam? É uma minoria que manda na escola. Pessoal faz aí porque alguns (professores) (estavam) oferecendo pontos, facilidades. E o pessoal (os alunos) nem sabe o que foi fazer nas ruas", afirmou o presidente. "São idiotas úteis. É verdade."
As declarações foram feitas em frente ao Palácio da Alvorada, após se encontrar, à tarde, com crianças de um colégio paulista - pela manhã ele havia tirado fotos com crianças de uma escola de Brasília.
O presidente também defendeu a aprovação integral da medida provisória que reestrutura a administração pública e voltou a falar que os manifestantes que foram às ruas na quarta-feira passada são "idiotas uteis". Se a medida provisória que trata da reforma administrativa não for aprovada até 3 de junho pelo Congresso, perderá a validade. Nesse cenário, o governo poderá ter de recriar até dez ministérios. Editada em janeiro por Bolsonaro, a MP 870 diminuiu o número de pastas de 29 para 22. Questionado, Bolsonaro disse estar confiante de sua aprovação.
"Para que aumentar os ministérios? Têm 22, eu queria que tivesse menos", afirmou o presidente. "Espero que aprovem as medidas provisórias do jeito que eu mandei para lá. O Congresso é soberano para decidir, mudar, rejeitar. A bola está com eles, e isso é bom porque se tudo que eu fizer tiver que ser acolhido, não é bom. O Congresso tem que dar o polimento, melhorar. Mas o foco é Brasil, juntos."
Anistia a partidos políticos
Bolsonaro também voltou a criticar a imprensa e disse ser "mentira" que tenha anistiado os partidos políticos. Na sexta-feira, o presidente assinou a sanção do projeto de lei que anistia multas aplicadas a partidos políticos. A estimativa é a de que o perdão possa chegar a R$ 70 milhões, valor dos débitos dos diretórios municipais de quase todas as legendas. O texto deve ser publicado na edição desta segunda-feira, 20, do Diário Oficial da União.
"Sei que vocês são funcionários (se dirigindo aos repórteres) e não têm poder junto aos editores. Mas a imprensa está dizendo que eu sancionei uma lei para anistiar multas de R$ 60 milhões de partidos políticos. É mentira. Eu vetei. Grande parte da mídia só vive disso. Desinformando e atrapalhando. A mídia, se for isenta no País, que mostre. Se eu errei, que mostre a verdade".
O teor do texto sancionado foi confirmado pelo Porta-voz da Presidência da República em entrevista coletiva no Palácio do Planalto. É a primeira vez que um presidente autoriza o cancelamento deste tipo de punição às siglas desde 1995, quando a Lei dos Partidos foi criada. A nova lei sancionada por Bolsonaro altera a Lei dos Partidos. Entre outros pontos, ele estabelece que as siglas que tenham direcionado dinheiro do Fundo Partidário para candidaturas femininas entre 2010 e 2018, ainda que não tenham cumprido o mínimo de 5%, não poderão ter suas contas rejeitadas ou ser alvo de qualquer outra penalidade
Bolsonaro vetou apenas um artigo do projeto aprovado pelo Congresso. Ele retirou do texto o item que desobrigava as legendas de devolver aos cofres públicos as doações que receberam de servidores comissionados filiados às próprias siglas. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo