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'É cedo para tomar qualquer posição', diz Hasselmann sobre conversas vazadas

''Temos que esperar para ver o que acontece, sem fazer o papel de juiz'', disse

JC Online com agências
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Publicado em 10/06/2019 às 11:02
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A líder do governo no Congresso Nacional, deputado federal Joice Hasselmann (PSL-SP) disse considerar prematuro tomar qualquer posição a respeito das conversas vazadas pelo site The Intercept Brasil, que mostram articulações entre o ex-juiz Sergio Moro, atual ministro da Justiça e Segurança Pública, e o procurador do Ministério Público Federal (MPF), Deltan Dallagnol, a respeito da Lava Jato.

Perguntada sobre o assunto durante o Congresso Brasileiro de Inovação e Indústria em São Paulo, a deputada adotou a cautela. "Eu acho que é cedo para tomar qualquer posição em relação a esse assunto. Conversei com o ministro Moro que me garantiu que não há qualquer desvio de conduta. As mensagens foram colocadas fora de contexto. Temos que esperar para ver o que acontece, sem fazer o papel de juiz", disse.

Hasselmann enfatizou várias vezes que acredita no ministro Sergio Moro, com quem diz ter falado na manhã desta segunda. "Até então, acredito na palavra do ministro. Sei que ele é um homem decente", completou.

Reação

O conteúdo divulgado pelo The Intercept Brasil nesse domingo expõe como o atual ministro da Justiça sugeriu ao MPF trocar a ordem de fases da Lava Jato, cobrou a realização de novas operações, deu conselhos e pistas e antecipou ao menos uma decisão judicial.

Em nota, a força-tarefa da Lava Jato no MPF do Paraná diz que "seus membros foram vítimas de ação criminosa de um hacker que praticou os mais graves ataques à atividade do Ministério Público, à vida privada e à segurança de seus integrantes". O texto fala também que “dentre as informações ilegalmente copiadas, possivelmente estão documentos e dados sobre estratégias e investigações em andamento e sobre rotinas pessoais e de segurança dos integrantes da força-tarefa e de suas famílias. Há a tranquilidade de que os dados eventualmente obtidos refletem uma atividade desenvolvida com pleno respeito à legalidade e de forma técnica e imparcial, em mais de cinco anos de Operação.”

A força-tarefa afirma ter "três preocupações". "Primeiro, os avanços contra a corrupção promovidos pela Lava Jato foram seguidos, em diversas oportunidades, por fortes reações de pessoas que defendiam os interesses de corruptos, não raro de modo oculto e dissimulado."

"A violação criminosa das comunicações de autoridades constituídas é uma grave e ilícita afronta ao Estado e se coaduna com o objetivo de obstar a continuidade da Operação, expondo a vida dos seus membros e famílias a riscos pessoais. Ninguém deve ter sua intimidade - seja física, seja moral - devassada ou divulgada contra a sua vontade. Além disso, na medida em que expõe rotinas e detalhes da vida pessoal, a ação ilegal cria enormes riscos à intimidade e à segurança dos integrantes da força-tarefa, de seus familiares e amigos", afirmam.

Os procuradores dizem que "é importante dar continuidade ao trabalho". "Apenas neste ano, dezenas de pessoas foram acusadas por corrupção e mais de 750 milhões de reais foram recuperados para os cofres públicos. Apenas dois dos acordos em negociação poderão resultar para a sociedade brasileira na recuperação de mais de R$ 1 bilhão em meados deste ano. No total, em Curitiba, mais de 400 pessoas já foram acusadas e 13 bilhões de reais vêm sendo recuperados, representando um avanço contra a criminalidade sem precedentes. Além disso, a força-tarefa garantiu que ficassem no Brasil cerca de 2,5 bilhões de reais que seriam destinados aos Estados Unidos."

"Em face da agressão cibernética, foram adotadas medidas para aprimorar a segurança das comunicações dos integrantes do Ministério Público Federal, assim como para responsabilizar os envolvidos no ataque hacker, que não se confunde com a atuação da imprensa. Desde o primeiro momento em que percebidas as tentativas de ataques, a força-tarefa comunicou a Procuradoria-Geral da República para que medidas de segurança pudessem ser adotadas em relação a todos os membros do MPF. Na mesma direção, um grupo de trabalho envolvendo diversos procuradores da República foi constituído para, em auxílio à Secretaria de Tecnologia da Informação e Comunicação da PGR, aprofundar as investigações e buscar as melhores medidas de prevenção a novas investidas criminosas", dizem.

"Em conclusão, os membros do Ministério Público Federal que integram a força-tarefa da operação Lava Jato renovam publicamente o compromisso de avançar o trabalho técnico, imparcial e apartidário e informam que estão sendo adotadas medidas para esclarecer a sociedade sobre eventuais dúvidas sobre as mensagens trocadas, para a apuração rigorosa dos crimes sob o necessário sigilo e para minorar os riscos à segurança dos procuradores atacados e de suas famílias", concluem.

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