Atualizada às 21h04
Em uma carta conjunta, os governadores do Nordeste se posicionaram sobre o ataque do presidente Jair Bolsonaro (PSL) a Flávio Dino (PCdoB), governador do Maranhão, durante café da manhã com jornalistas na manhã desta sexta-feira (19). Na manifestação dos chefes do Poder Executivo estadual, "independente de normais diferenças políticas, o princípio federativo exige que os governos mantenham diálogo e convergências, a fim de que metas administrativas sejam concretizadas visando sempre melhorar a vida da população".
Os governadores afirmaram receber com "espanto e profunda indignação" a declaração de Bolsonaro e disseram que aguardam o posicionamento do presidente. No Twitter, Paulo Câmara divulgou a nota sem acrescentar nenhum comentário. Até o momento, apenas os governadores da Paraíba e do Maranhão fizeram comentários além do comunicado.
O presidente não se pronunciou sobre o caso e, segundo o Jornal Nacional, a presidência não irá se posicionar.
Leia a íntegra da carta
"Nós governadores do Nordeste, em respeito à Constituição e à democracia, sempre buscamos manter produtiva relação institucional com o Governo Federal. Independentemente de normais diferenças políticas, o princípio federativo exige que os governos mantenham diálogo e convergências, a fim de que metas administrativas sejam concretizadas visando sempre melhorar a vida da população.
Recebemos com espanto e profunda indignação a declaração do presidente da República transmitindo orientações de retaliação a governos estaduais, durante encontro com a imprensa internacional. Aguardamos esclarecimentos por parte da presidência da República e reiteramos nossa defesa da Federação e da democracia."
Vídeo
Um vídeo divulgado nas redes sociais mostra uma conversa informal entre o presidente Jair Bolsonaro e o ministro-chefe da Casa Civil, Onyx Lorenzoni, durante café da manhã com jornalistas. No áudio captado por um dos microfones da mesa, Bolsonaro se refere a região Nordeste como "de Paraíba".
Ainda é possível ouvir o presidente se referindo a Flávio Dino como o pior dos governadores do Nordeste. "Daqueles governadores de Paraíba o pior é o do Maranhão. Tem que ter nada com esse cara", diz Bolsonaro.
Polêmicas
Além do ataque ao governador do Maranhão, o presidente fez outras duas declarações polêmicas. A primeira, também durante o café da manhã desta sexta-feira (19), Bolsonaro afirmou que passar fome no Brasil é 'uma grande mentira'.
"O Brasil é um país rico para praticamente qualquer plantio. Fora que passar fome no Brasil é uma grande mentira. Passa-se mal, não come bem, aí eu concordo. Agora, passar fome, não. Você não vê gente, mesmo pobre, pelas ruas, com físico esquelético, como a gente vê em alguns outros países", respondeu Bolsonaro ao ser questionado sobre soluções para diminuir a pobreza e a fome no Brasil. Após a declaração, voltou atrás e disse que alguns brasileiros passam fome.
A segunda foi na saída do evento seguido de almoço da igreja evangélica Sara Nossa Terra em Brasília. Bolsonaro falou com a imprensa e criticou a multa de 40% do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS). "Essa multa de 40% foi quando o (Francisco) Dornelles era ministro do FHC (Fernando Henrique Cardoso). Ele aumentou a multa para evitar a demissão. O que aconteceu depois disso? O pessoal não emprega mais por causa da multa", disse.
O presidente acrescentou ainda que é "quase impossível ser patrão no Brasil". "Defender empregado dá mais votos. Agora, a verdade é o patrão", declarou.