Morreu na tarde do último sábado (17) ex-ministro Roberto Gusmão, aos 96 anos, em São Paulo. Advogado, empresário e dono de uma longeva carreira na política, foi um dos articuladores da redemocratização do País. O corpo de Roberto está sendo velado no Cemitério do Morumby e deve ser enterrado durante a tarde deste domingo (18) no mesmo cemitério.
Presidente da União Nacional dos Estudantes (UNE) entre 1947 e 1948, participou da campanha "O Petróleo É Nosso" no segundo governo de Getúlio Vargas, durante a década de 1950. É creditada a ele a articulação da chapa Jan-Jan, com Jânio Quadros como presidente e João Goulart como vice, vitoriosa nas eleições de 1960.
Funcionário público federal, concursado como procurador do Trabalho, foi aposentado compulsoriamente após o golpe de 1964 e teve os direitos políticos cassados. Retornaria à política durante a abertura que marcou o fim do regime militar.
Durante os dois primeiros anos do governo de Franco Montoro, de 1983 a 1985, foi presidente do Banco de Desenvolvimento do Estado de São Paulo (Badesp). Em seguida, participou da articulação em Brasília para a campanha de Tancredo Neves à Presidência da República. A candidatura foi lançada pelo próprio Gusmão, quando ainda era secretário de Montoro na Casa Civil do governo paulista.
Gusmão foi encarregado de consultar pessoalmente o então presidente João Figueiredo sobre o nome de Tancredo. Sob estrito sigilo, recebeu do militar o aval para o nome do PMDB contra a chapa de Paulo Maluf, à época no Partido Democrático Social (PDS).
"Sempre atuou muito nesse apoio de bastidor e facilitando conversas na política", define o filho José Roberto.
A nomeação de Gusmão para a chefia do Ministério da Indústria e Comércio, assim como a de todos os outros ministros, foi assinada pelo próprio Tancredo antes da morte. Foi empossado com José Sarney, e ficou no cargo por cerca de um ano.
Desde então, Gusmão atuou principalmente no setor privado. Integrou a diretoria da cervejaria Antarctica e participou das tratativas para a criação da AmBev, onde integrou o Conselho de Administração.
O ex-ministro foi vítima de insuficiência respiratória, e morreu por volta das 15h30. Estava cercado de familiares. Ele deixa esposa, quatro filhos, nove netos e cinco bisnetos, além dos amigos. O velório ocorre na manhã de hoje no Cemitério do Morumbi. O enterro está programado para as 13h.