O senador Fernando Bezerra Coelho (MDB-PE) recebeu R$ 5,5 milhões em propina desviada de obras públicas no Nordeste. Já seu filho, o deputado federal Fernando Filho (DEM-PE), recebeu R$ 1,7 milhão no mesmo esquema durante a primeira gestão Dilma Rousseff (PT). As informações são do jornal O Globo.
As informações foram relatadas pela Polícia Federal (PF) ao ministro do Supremo Tribunal Federal ( STF) Luís Roberto Barroso ao pedir mandados de busca e apreensão em endereços ligados ao senador.
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Os parlamentares pernambucanos foram alvo de uma operação deflagrada pela PF no Congresso Nacional, no Distrito Federal, e em Pernambuco, que investiga irregularidades em obras públicas.
Em delação premiada, o operador financeiro João Carlos Lyra afirmou que parte dos pagamentos de propina foram feitos por meio de repasses a concessionárias de veículos pertencentes a pessoas ligadas ao senador. Em depoimento, o delator presenta todas as obras nas quais houve superfaturamento para repasses de propina.
"Em relação à OAS, tais obras foram as seguintes: Rodovia PE-60, Pier Petroleiro, Orla de Jaboatão dos Guararapes, Canal do Sertão, BR-101 e Transposição do Rio São Francisco", relatou. Prossegue o delator: "Em relação à Mendes Júnior, tais obras foram as seguintes: Transposição do Rio São Francisco e, possivelmente, Ramal da Copa do Mundo".
Liderança do governo
O Senador Fernando Bezerra Coelho (MDB-PE), líder do governo Bolsonaro, deixou seu cargo à disposição do presidente após ser alvo da operação na manhã desta quinta (19).
"Tomei a iniciativa de colocar à disposição o cargo de líder do governo para que o governo possa, ao longo dos próximos dias, fazer uma avaliação se não seria o momento de proceder uma nova escolha ou não", disse o senador pernambucano.
O parlamentar disse que conversou com o presidente do Senado, Davi Alcolumbre (DEM-AP) e o ministro da Casa Civil, Onyx Lorenzoni (DEM-RS), antes de tomar a decisão.
Respostas
Em nota, o senador Fernando Bezerra Coelho, por meio de sua assessoria, afirmou que a operação acontece em razão da sua atuação política "contra determinados interesses dos órgãos de persecução penal." Confira a íntegra da nota:
"Causa estranheza à defesa do senador Fernando Bezerra Coelho que medidas cautelares sejam decretadas em razão de fatos pretéritos que não guardam qualquer razão de contemporaneidade com o objeto da investigação. A única justificativa do pedido seria em razão da atuação política e combativa do senador contra determinados interesses dos órgãos de persecução penal."
O deputado Fernando Filho disse, também por meio de sua assessoria, que sua "defesa ainda não teve acesso ao pedido e à decisão do ministro que autorizou as medidas, mas pode afirmar que as medidas são desnecessárias e extemporâneas."