Durante o encontro com líderes do Under 2 Coalition, na 11ª Semana do Clima de Nova Iorque, nos Estados Unidos, nesta terça-feira (24), o governador Paulo Câmara (PSB) afirmou que o Brasil precisa debater uma agenda ambiental avançada. No entanto, neste momento, segundo o gestor, o país tem seguido uma “contracorrente”. Representando os nove governadores que integram o Consórcio Nordeste, Câmara reforçou que a região não aceitará, passivamente, a adoção de medidas ultrapassadas, criminosas e ambientalmente irresponsáveis.
"Estamos assumindo posições e ações que nos permitam avançar no que for possível e também atuar para barrar os retrocessos. Somos muitos no nosso País, atentos a esse debate, inquietos com as ameaças que a própria humanidade e algumas lideranças têm causado ao meio ambiente", declarou o governador, em um discurso claramente opositor ao proferido pelo presidente Jair Bolsonaro (PSL), que abriu a 74ª Assembleia Geral da ONU, também nesta terça-feira. Críticas ao socialismo, aos governos cubanos e venezuelanos, e defesa da soberania da Amazônia foram alguns dos pontos do discurso de Bolsonaro, que durou cerca de 30 minutos e tem sido considerado agressivo.
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Para a governadora em exercício, Luciana Santos (PCdoB), o discurso do presidente não causa surpresa e reafirma seu compromisso com o autoritarismo. “O presidente sempre faz uma apologia positiva aos tempos autoritários no Brasil, quando acusa qualquer tipo de perspectiva de direitos humanos e inclusão social como sendo algo pejorativo. Além disso, ele foi ao encontro do Clima, mas não falou uma linha sobre a necessidade de ter uma pauta de crescimento com sustentabilidade e respeito ao meio ambiente”, declarou Luciana, em entrevista ao JC, antes de participar de uma palestra sobre a importância da representatividade feminina na política, na EREM Ginásio Pernambucano.
Após assinar a Carta de Santa Fé - documento que destaca a importância da promoção da saúde na América Latina - o governador Paulo Câmara informou que o Fórum Pernambuco de Mudanças Climáticas está ativo e que foi implantado o Plano Estadual Ambiental, dentro dos preparativos do Estado para sediar, em novembro próximo, a Conferência Nacional de Mudanças Climáticas, prévia da COP 25. "A nossa política é de construção com respeito, diálogo e responsabilidade com Pernambuco, o Nordeste, o Brasil e com um mundo melhor. Nada diferente disso é aceitável. Somos defensores dos movimentos coletivos, da mobilização e da união. Não ficaremos insensíveis aos apelos de tantos, no mundo inteiro", completou.
Paulo Câmara reafirmou que, diante dos riscos de retrocesso por parte do governo federal, os Estados brasileiros assumiram resolutamente seu papel na preservação e conservação ambiental. "As batalhas decisivas dar-se-ão nos territórios dos Estados. Pernambuco, desde o meu saudoso antecessor, o governador Eduardo Campos - tragicamente desaparecido em 2014 - vem desenvolvendo grandes trabalhos de adaptação às mudanças climáticas. Somos muito vulneráveis à elevação do oceano e à desertificação e estamos promovendo as energias limpas, como a solar, o uso de biocombustíveis para reduzir o uso dos combustíveis fósseis, o reflorestamento e a defesa do nosso grande ecossistema regional: a Caatinga", explicou o gestor ao participar do HUB Ação e Recompensa.
REDES SOCIAIS
Paulo Câmara tem repercutido sua agenda nas redes sociais, durante estadia em Nova Iorque. No Twitter, o socialista assumiu um tom de reprovação ao posicionamento de lideranças brasileiras que, segundo ele, estão no caminho contrário ao futuro.
Não aceitaremos passivamente a adoção de medidas ultrapassadas, criminosas, ambientalmente irresponsáveis. Se o mundo precisa se reinventar, e encontrar novos rumos, nós queremos fazer parte desta caminhada até o futuro.
— Paulo Câmara 40 (@PauloCamara40) September 24, 2019
