Igor Maciel é titular da coluna Pinga Fogo*
Dos filhos políticos do Presidente da República, Eduardo Bolsonaro (PSL) é o mais novo e, ao que parece, disputa com Carlos Bolsonaro (PSL) para ver quem fala mais bobagem e cria mais problemas. A diferença primária entre eles talvez seja que um faz bobagem pelas redes sociais, e o outro costuma gerar crises com a própria voz e rosto.
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Eduardo Bolsonaro é o mesmo que já disse precisar apenas de um cabo e um soldado para fechar o STF. Nesta quinta-feira (31), ao dizer que "se a esquerda radicalizar, a solução seria editar um novo AI-5", o garoto de Bolsonaro, que quase ganhou um cargo de embaixador nos EUA como presente paterno de aniversário, coloca em dúvida a ideia de que os membros do clã usam a estupidez como estratégia. Porque excesso de estupidez, longe de ser um caminho para algo, termina sendo o fim do caminho.
O AI-5 está longe de ser um simples ato de governo Tornou-se o apoio legal de uma ditadura ainda mais cruel, fomentou a censura, tortura e mortes. Usar os protestos que acontecem no Chile para justificar medidas tão extremas evidenciam não apenas falta de maturidade, como quer acreditar o presidente Bolsonaro ao chamar o filho de "garoto". Trata-se de irresponsabilidade, pura e simples. No Chile, os protestos já somam 23 mortos, há pessoas assassinadas por agentes do Estado e pelo menos dois foram mortos dentro de delegacias, depois de presos, no que está sendo investigado como execução por parte das forças de segurança.
Em 2013, o Brasil viveu protestos parecidos, quando a população cansou dos descaminhos do PT no governo. Foi ali que começou a campanha de Bolsonaro. Os protestos eram reflexo da democracia.
Não fosse a democracia, Bolsonaro não estaria presidente hoje. E Eduardo não poderia usar suas credenciais como fritador de hambúrguer para tentar cargos de embaixador. É a democracia que permite essas coisas.
*Igor Maciel é colunista do Jornal do Commercio
Entenda
O deputado federal e líder do PSL na Câmara, Eduardo Bolsonaro, disse que "se a esquerda radicalizar", a resposta pode vir "via um novo AI-5". A declaração foi dada na última segunda-feira (28), em entrevista à jornalista Lêda Nadgle publicada nesta quinta-feira (31) em seu canal do Youtube. Portanto, antes da reportagem da TV Globo que revelou citação do nome do presidente Jair Bolsonaro nas investigações do Caso Marielle.
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"Se a esquerda radicalizar a esse ponto, a gente vai precisar ter uma resposta. E uma resposta pode ser via um novo AI-5, pode ser via uma legislação aprovada através de um plebiscito como ocorreu na Itália. Alguma resposta vai ter que ser dada", disse o filho do presidente Jair Bolsonaro.
Eduardo também reclamou das críticas que o pai vem recebendo. "Fogo na Amazônia, que sempre ocorre —eu já morei lá em Rondônia, sei como é que é, sempre ocorre nessa estação— culpa do Bolsonaro. Óleo no Nordeste, culpa do Bolsonaro. Daqui a pouco vai passar esse óleo, tudo vai ficar limpo e aí vai vir uma outra coisa, qualquer coisa —culpa do Bolsonaro", concluiu.