VAZAMENTO DE MENSAGENS

Lava Jato ocultou informações sobre Lula a Rosa Weber, dizem mensagens

Força-tarefa defende sigilo para atender interesse público

JC Online
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Publicado em 05/11/2019 às 7:37
Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil
Rosa também pediu pareceres da Procuradoria-Geral da República (PGR) e da Advocacia-Geral da União (AGU). - FOTO: Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil
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Segundo mensagens obtidas pelo site The Intercept Brasil, os procuradores da Lava Jato esconderem informações da ministra do Supremo Tribunal Federal (STF) Rosa Weber ao pedir seu apoio em um momento decisivo das investigações sobre o ex-presidente Lula, em 2016. As informações são da Folha de S. Paulo.

Os diálogos atribuídos a integrantes da força-tarefa mostram que eles sabiam que o líder petista havia mencionado Rosa em telefonemas grampeados pela Polícia Federal (PF) e mobilizara aliados para tentar influenciá-la. Entretanto, quando a procuraram para tratar do caso, os procuradores da Lava Jato decidiram deixar a ministra ‘no escuro’.

Os procuradores agiram assim, possivelmente, por temer vazamentos de informações que poderiam prejudicar o andamento das investigações, que nessa época eram conduzidas de forma sigilosa pela equipe à frente da operação em Curitiba e pela Polícia Federal.

>>> Confira outras matérias sobre o vazamento de mensagens do Intercept Brasil

Segundo as mensagens, eles também evitaram fornecer detalhes sobre o andamento do caso em Curitiba e as ações planejadas pela Lava Jato no cerco a Lula ao gabinete do então procurador-geral da República, Rodrigo Janot, a quem pediram que discutisse o assunto com Rosa.

A questão estava sob o crivo da ministra porque ela foi sorteada para examinar uma ação que a defesa de Lula moveu para tentar suspender as investigações. Para os advogados do ex-presidente, havia um conflito entre a força-tarefa em Curitiba e promotores de São Paulo que também o investigavam na época.

Moro

O então juiz e atual ministro da Justiça e Segurança Pública, Sergio Moro, era responsável pelos processos da Lava Jato no Paraná e autorizou os investigadores a realizar buscas e conduzir Lula à força para depor, além de ordenar a interceptação dos telefones do líder petista.

As mensagens obtidas apontam que a força-tarefa temia que Rosa aceitasse os argumentos da defesa do ex-presidente. Também revelam que o grampo no telefone de Lula permitiu que os procuradores tivessem acesso à informações sobre a movimentação de seus advogados e se antecipassem a eles.

O material oferece novos indícios da proximidade do então juiz Sergio Moro aos procuradores. O Supremo deve julgar em breve uma ação em que Lula questiona a imparcialidade de Moro como magistrado e pede a anulação dos processos em que foi condenado.

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