EDUCAÇÃO

Frente parlamentar cobra responsabilidade do governo Bolsonaro após erro na correção do Enem 2019

A frente tem entre seus integrantes os pernambucanos Danilo Cabral (PSB) e Túlio Gadêlha (PDT), que são opositores ao governo Bolsonaro

JC Online
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Publicado em 20/01/2020 às 15:59
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A frente tem entre seus integrantes os pernambucanos Danilo Cabral (PSB) e Túlio Gadêlha (PDT), que são opositores ao governo Bolsonaro - FOTO: Fotos da Agência Câmara dos Deputados
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Em nota divulgada nesta segunda-feira (20), a Frente Parlamentar Pela Valorização das Universidades Federais critica os erros na correção do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) 2019, que afetou cerca de 6 mil candidatos, segundo estimativa do próprio ministro da Educação, Abraham Weintraub. 

"Ao contrário do que vem sendo alardeado pelo ministro da Educação, sabe-se agora que a edição de 2019 do Exame Nacional do Ensino Médio foi marcada por falhas importantes, que geram apreensão a milhares de candidatos. As “inconsistências”, que, segundo o governo, haviam sido registradas apenas no segundo dia das provas, também ocorreram no primeiro dia do exame, conforme relatos de estudantes", diz trecho da nota da frente parlamentar, que é assinada por cinco deputados federais de partidos que são oposição ao governo de Jair Bolsonaro, entre eles os pernambucanos Danilo Cabral (PSB) e Túlio Gadêlha (PDT). 

Nesta segunda, Weintraub, disse que os problemas vão ser corrigidos, que o impacto é baixo e que não vai ter "nenhum efeito para a maioria das pessoas." 

SISU

Mesmo com a falha, o Sistema de Seleção Unificada (Sisu) abre normalmente nesta terça-feira (21) o calendário dos processos seletivos federais que usam o Enem como critério de seleção.

Neste semestre, o Sisu vai ofertar 237 mil vagas em 128 instituições de ensino superior públicas. O prazo para se inscrever vai até sexta-feira (24). No exame de 2019, o Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep) admite falhas e estimou a 'menos de 9 mil' notas erradas.

"A um dia da abertura das inscrições para o Sisu, enquanto o governo não oferece respostas, candidatos temem ser prejudicados pelas falhas", diz outro trecho da nota da frente parlamentar. Em nota divulgada pela sua assessoria, o deputado Túlio Gadêlha disse que "o governo se preocupou demais com suposta ‘ideologia’ nas provas, que se esqueceu de aperfeiçoar seus processos internos e quem sofre com isso são os estudantes que passaram meses se preparando".

O deputado federal João Campos (PSB), vice-presidente da Comissão Externa de Acompanhamento dos trabalhos do Ministério da Educação, informou que entrará com um pedido de informações questionando alguns pontos em relação ao ENEM, como o motivo do MEC ter escolhido a gráfica que ficou em segundo lugar na licitação para ficar responsável pela impressão da prova de 2019 e sobre a possibilidade de nem todas as notas alteradas poderem ser revisadas. 

"Errar a avaliação das notas do Enem trocando as cores das provas é algo muito primário. Mesmo que se contorne a situação, o erro por si só gera uma dúvida e insegurança grande àqueles que se dedicaram pra (sic) fazer o exame", diz João Campos no seu Instagram. 

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Errar a avaliação das notas do Enem trocando as cores das provas é algo muito primário. Mesmo que se contorne a situação, o erro por si só gera uma dúvida e insegurança grande àqueles que se dedicaram pra fazer o exame. Tendo em vista tudo isso, vou entrar com um pedido de informações sobre questões básicas em relação ao Enem. Por exemplo: . 1 - Qual é o número total de exames com notas alteradas? . 2 - Por que o MEC escolheu a segunda colocada de uma licitação antiga para preparar a prova de 2019? Será que não seria importante fazer uma nova licitação para garantir menores preços e maior concorrência? A gráfica será mantida para o ano de 2020? . 3 - Segundo a imprensa nacional, 66 perguntas foram barradas do banco de questões da prova do Enem. Por exemplo, 2019 foi o ano em que não se perguntou sobre a ditadura. Exatamente quantas e quais perguntas foram barradas? E por que estas perguntas foram barradas? . 4 - Qual é o resultado da análise estatística do INEP em busca de inconsistências na sua base de dados? . 5 - O MEC abriu espaço para que os estudantes com possíveis notas alteradas peçam revisão. Na prática, isso quer dizer que nem todas as notas alteradas podem ser revisadas? . #ErroNoENEM #DeOlhoNoMEC

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Somente às 19h desta segunda-feira (20), o presidente do Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep), Alexandre Lopes, vai dar detalhes do processo de revisão das notas Enem. Desde a noite da última sexta-feira (24), o órgão percebeu que houve erro na correção de provas de matemática e ciências da natureza, aplicadas no segundo dia do Enem (10 de novembro). No domingo, o Inep informou que também recebeu queixas de candidatos em relação aos testes de ciências humanas e linguagens, realizados no primeiro dia do exame (3 de novembro).

Sobre o erro, Weintraub afirmou que o erro ocorreu na impressora da gráfica Valid Soluções S.A, responsável pela diagramação, embalagem, rotulagem e entrega aos Correios dos cadernos de provas. Segundo ele, a máquina "dava umas engasgadas" durante a impressão e isso gerou o descolamento da prova com o gabarito. Ainda segundo ele, por ter sido um problema mecânico, deverá tomar as medidas cabíveis contra a gráfica. "Aparentemente não foi uma coisa de má-fé, foi um acidente, coisa que acontece. Não depende da minha avaliação. A gente vai ver legalmente o que acontece", disse o ministro da Educação.

Confira a nota da frente parlamentar

Ao contrário do que vem sendo alardeado pelo ministro da Educação, sabe-se agora que a edição de 2019 do Exame Nacional do Ensino Médio foi marcada por falhas importantes, que geram apreensão a milhares de candidatos. As “inconsistências”, que, segundo o governo, haviam sido registradas apenas no segundo dia das provas, também ocorreram no primeiro dia do exame, conforme relatos de estudantes. A um dia da abertura das inscrições para o Sisu, enquanto o governo não oferece respostas, candidatos temem ser prejudicados pelas falhas. Outros problemas ja? haviam sido registrados nesta edição. Por exemplo, uma foto com a proposta de redação vazou minutos apo?s o início da prova. Erros acontecem, mas a ocorrência deles pode ser minimizada com gestão e responsabilidade. As mudanças no comando do Inep, órgão responsável pela elaboração e aplicação do Enem (foram três trocas de presidentes em menos de um ano), vai na contramão do cuidado que deve pautar a realização de Exame tão complexo. Cabe ressaltar também que a excessiva preocupação com suposta “ideologia” nas provas, que permeou o debate sobre o tema, não contribuiu para o principal: o aprimoramento dos procedimentos e processos para impedir erros. O importante, agora, e? que o governo esclareça o que aconteceu e os motivos que levaram a essa falha, identificar sua abrangência, e indicar claramente de que forma será feita a correção das notas, de modo que na?o haja prejuízo aos candidatos afetados, o mais rápido possível.

Alice Portugal – PCdoB / BA

Danilo Cabral – PSB/PE

Edmilson Rodrigues – PSOL/PA

Margarida Saloma?o – PT/MG

Tu?lio Gade?lha – PDT/PE

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