O jornalista Glenn Greenwald do The Intercept Brasil publicou um vídeo em sua conta no Twitter, na tarde desta terça-feira (21), se manifestando sobre a denúncia que o Ministério Público Federal do Distrito Federal fez contra ele e outras seis pessoas por crimes relacionados à invasão de celulares de autoridades brasileiras.
De acordo com o MPF, Gleen auxiliou, incentivou e orientou o grupo de hackers durante o período das invasões. Apesar da denuncia, o americano não é investigado nem indiciado, segundo o MPF.
"Sobre a notícia da denúncia do MPF: é um ataque a liberdade de imprensa, ao STF, às conclusões da PF e à democracia brasileira. Nós vamos defender uma imprensa livre. Não seremos intimidados pelo abuso do aparato do estado nem pelo governo Bolsonaro", escreveu.
Sobre a notícia da denúncia do MPF: é um ataque a liberdade de imprensa, o STF, as conclusões da PF e a democracia brasileira.
— Glenn Greenwald (@ggreenwald) January 21, 2020
Nos vamos defender uma imprensa livre. Não seremos intimidados pelo abuso do aparato do estado nem pelo governo Bolsonaro. pic.twitter.com/bQ8smWw2sm
A denúncia acontece no âmbito da Operação Spoofing, que investiga a ação do grupo suspeito de invadir ao menos mil linhas telefônicas, incluindo a de várias autoridades públicas, como o ministro da Justiça e Segurança Pública, Sergio Moro, e o coordenador da Operação Lava Jato em Curitiba, o procurador Deltan Dallagnol.
Pelo Twitter, o Intercept Brasil divulgou uma nota de repúdio:
Nota do Intercept Brasil: pic.twitter.com/ZbFmj44t6a
— The Intercept Brasil (@TheInterceptBr) January 21, 2020
Defesa de Glenn Greenwald diz que denúncia do MPF é 'expediente tosco'
Em nota encaminhada para o Blog do Fausto Macedo no portal do jornal O Estado de S. Paulo, o advogado Rafael Borges, que defende o jornalista Glenn Greenwald, classificou de "expediente tosco" a denúncia oferecida nesta terça pelo MPF. Segundo a nota, o Ministério Público Federal intenta "desrespeitar a autoridade da medida cautelar" concedida pelo ministro Gilmar Mendes, do Supremo Tribunal Federal (STF), em defesa de Greenwald.
"Recebemos com perplexidade a informação de que há uma denúncia contra o jornalista Glenn Greenwald, cofundador do The Intercept. Trata-se de um expediente tosco que visa desrespeitar a autoridade da medida cautelar concedida na Arguição de Descumprimento de Preceito Fundamental (ADPF) nº 601, do Supremo Tribunal Federal, para além de ferir a liberdade de imprensa e servir como instrumento de disputa política", diz a nota.
A defesa do jornalista interpreta a denúncia do MPF como uma tentativa de "depreciar o trabalho jornalístico" feito pela equipe do site The Intercept Brasil, que divulgou as mensagens supostamente trocadas entre membros do MPF de Curitiba e o então juiz federal, hoje ministro da Justiça, Sergio Moro.
O caso ficou conhecido como "Vaza Jato".
Leia a nota da defesa de Glenn Greenwald na íntegra:
"Recebemos com perplexidade a informação de que há uma denúncia contra o jornalista Glenn Greenwald, cofundador do The Intercept. Trata-se de um expediente tosco que visa desrespeitar a autoridade da medida cautelar concedida na Arguição de Descumprimento de Preceito Fundamental (ADPF) nº 601, do Supremo Tribunal Federal, para além de ferir a liberdade de imprensa e servir como instrumento de disputa política. Seu objetivo é depreciar o trabalho jornalístico de divulgação de mensagens realizado pela equipe do The Intercept Brasil em parceria com outros veículos da mídia nacional e estrangeira. Os advogados de Glenn Greenwald preparam a medida judicial cabível e pedirão que a Associação Brasileira de Imprensa, por sua importância e representatividade, cerre fileiras em defesa do jornalista agredido."
Bolsonaro ironiza situação
Ao deixar o Palácio da Alvorada, em Brasília, na tarde desta terça, o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) ironizou a denúncia oferecida pelo Ministério Público Federal (MPF) do Distrito Federal contra o jornalista Glenn Greenwald, segundo o UOL. "Quem denunciou foi a Justiça, você não acredita na Justiça?", interpelou o presidente e foi corrigido por um repórter, que o lembrou que o órgão responsável por oferecer denúncia é o Ministério Público. "É MP, MP", retrucou Bolsonaro.