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Miliciano suspeito no caso Marielle, Adriano da Nóbrega é morto em troca de tiros na Bahia

Adriano comandava o Escritório do Crime, um grupo de matadores de aluguel

Do Correio 24 horas para o Rede Nordeste
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Publicado em 09/02/2020 às 11:46
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Adriano comandava o Escritório do Crime, um grupo de matadores de aluguel - FOTO: Foto: Divulgação
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Um ex-policial militar, suspeito de ter envolvimento na morte da vereadora carioca Marielle Franco, foi morto durante uma ação da polícia na cidade de Esplanada, no interior da Bahia. Adriano Magalhães da Nóbrega, conhecido como capitão Adriano, foi morto na manhã deste domingo (9). Ele é acusado de liderar uma das maiores milícias do Rio de Janeiro, o Escritório do Crime, e estava foragido desde janeiro de 2019.

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De acordo com informações da Secretaria da Segurança Pública (SSP), Adriano começou a ser monitorado por equipes de inteligência da SSP após a informação de que ele teria buscado esconderijo na Bahia. Ele foi encontrado em um imóvel na zona rural de Esplanada.

Ainda segundo a SSP, Adriano resistiu à abordagem e disparou contra os policiais. Houve troca de tiros e ele acabou sendo ferido. Ele teria sido levado para um hospital da região, mas não resistiu.

"Procuramos sempre apoiar as polícias dos outros estados e, desta vez, priorizamos o caso por ser de relevância nacional. Buscamos efetuar a prisão, mas o procurado preferiu reagir atirando", comentou o secretário da Segurança Pública da Bahia, Maurício Teles Barbosa. 

Foram encontradas com ele uma pistola austríaca calibre 9mm e outras três armas. Participaram da operação equipes do Batalhão de Operações Policiais Especiais (Bope), da Companhia Independente de Policiamento Especializado (Cipe) Litoral Norte e da Superintendência de Inteligência (SI) da Secretaria da Segurança Pública.

Quem é Adriano?

Ex-capitão do Batalhão de Operações Especiais (Bope) do Rio de Janeiro, Adriano comandava o Escritório do Crime, um grupo de matadores de aluguel. Segundo informações do Uol, há suspeitas de que membros do Escritório tenham participação na morte de Marielle. 

Ainda segundo reportagem do Uol, Adriano entrou no Bope em 1996, e fez o curso de operações especiais do Bope, onde conheceu Fabrício de Queiroz, que trabalhou como assessor do senador Flávio Bolsonaro (PSL-RJ), quando este foi deputado estadual. Anos depois, Queiroz indicou a mãe e a mulher de Capitão Adriano para trabalhar no gabinete do filho mais velho do presidente da República, Jair Bolsonaro.

Adriano foi um dos homenageados por Flávio Bolsonaro com a Medalha Tiradentes, a mais alta honraria da Assembleia Legislativa do Rio, em 2005, enquanto estava preso sob acusação de homicídio. 

Comunidade controlada

O Escritório do Crime controlava a área da Muzema, onde dois prédios desabaram no ano passado. De acordo como Ministério Público, capitão Adriano  dirigia o esquema de construção civil ilegal nessas comunidades. O major da Polícia Militar Ronald Alves Pereira por sua vez, foi denunciado por comandar negócios ilegais da milícia, entre eles, grilagem de terra e agiotagem. 

O desabamento nesta sexta deixou ao menos três mortes e dez feridos. Segundo a prefeitura do Rio, as construções eram irregulares e tiveram as obras interditadas em novembro de 2018.

Rachadinha de Flávio

Em dezembro do ano passado, o Ministério Público do Rio concluiu que o Capitão Adriano, era beneficiado pelo dinheiro do suposto esquema de “rachadinha” que existia no gabinete do senador Flávio Bolsonaro quando ele era deputado estadual no Rio.

Os promotores chegaram a essa conclusão depois de analisar conversas via WhatsApp e dados de transações financeiras do ex-PM, segundo pedido do MP do Rio à Justiça para embasar mandados de busca e apreensão cumpridos na quarta, 18. Adriano é apontado por outro grupo do MP como chefe do Escritório do Crime, milícia que atua na zona oeste da cidade. 

A mãe e a ex-mulher dele, Raimunda Veras Magalhães e Danielle Mendonça da Costa Nóbrega, respectivamente, foram nomeadas assessoras no gabinete de Flávio na Assembleia Legislativa do Rio, (Alerj), durante o período investigado. A investigação mostrou que elas transferiram para Fabrício Queiroz, então assessor parlamentar e considerado o operador do esquema, parte de seus salários, além de terem feito saques que poderiam indicar repasses em espécie para a “organização criminosa”. O dinheiro ‘vivo’ seria uma forma de não deixar rastros no sistema financeiro.

Adriano “também era beneficiado por parte dos recursos desviados por seus parentes na Alerj”, afirmam os promotores do Grupo de Atuação Especializada no Combate à Corrupção (Gaecc) no documento. Em um trecho da conversa dele com Danielle, o ex-capitão do Bope diz que “contava com o que vinha do seu também”, referindo-se ao salário dela que era repassado.

Em outro ponto da conversa, depois de ser exonerada do gabinete, no dia 6 de dezembro do ano passado, Danielle procurou o ex-marido para cobrar explicações e pedir que ele intercedesse para evitar sua demissão. O dia foi o mesmo em que o Estado revelou com exclusividade a investigação em curso no MP. “As coisas mudam”, disse Adriano à ex-mulher, que cobrara dele uma explicação.

Um mês depois, no dia 6 de janeiro, ele admitiu que também contava com o dinheiro dela. Adriano também indica sabia correr risco de ser preso por integrar o Escritório do Crime e passava a maior parte do tempo fora do Rio.

“As coisas não estão fáceis para mim. Só vim no Rio pra passar o fim de ano com minha mãe e ajeitar umas coisas. Amanhã já tô indo de novo”, disse, via WhatsApp.

Os dois voltaram a se falar no dia 15 do mesmo mês, quando Adriano informou que havia conversado com o “amigo” (Queiroz, segundo o MP). O ex-assessor de Flávio na Alerj teria recomendado a Danielle que não comparecesse ao depoimento para o qual havia sido convocada.

Uma tabela inserida no documento do MP, assinado no dia 5 deste mês pelo Gaecc, detalha os repasses e os saques feitos por Danielle e Raimunda. Enquanto foram lotadas no gabinete de Flávio, elas receberam cerca de R$ 1 milhão. Desse montante, 40% foram transferidos para Queiroz ou sacados em espécie, segundo a investigação. 

Entre os repasses de Danielle, os promotores observaram que parte deles foi feita por meio de empresas controladas por Adriano: o Restaurante e Pizzaria Tatyara (R$ 45,3 mil) e o Restaurante e Pizzaria Rio Cap (R$ 26,9 mil). 

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