O presidente Jair Bolsonaro (sem partido) alegou, na manhã desta quarta-feira (26), que as mensagens trocadas em seu WhatsApp são "de cunho pessoal" e que qualquer dedução "fora desse contexto são tentativas de tumultuar a República". Ele vem sendo criticado após compartilhar vídeo por meio do aplicativo convocando manifestações no dia 15 de março de 2020 para defendê-lo, mas que estão sendo interpretadas como ação contra o parlamento.
"Tenho 35Mi de seguidores em minhas mídias sociais, c/ notícias não divulgadas por parte da imprensa tradicional. No Whatsapp, algumas dezenas de amigos onde trocamos mensagens de cunho pessoal. Qualquer ilação fora desse contexto são tentativas rasteiras de tumultuar a República", escreveu.
Tenho 35Mi de seguidores em minhas mídias sociais, c/ notícias não divulgadas por parte da imprensa tradicional. No Whatsapp, algumas dezenas de amigos onde trocamos mensagens de cunho pessoal. Qualquer ilação fora desse contexto são tentativas rasteiras de tumultuar a República.
— Jair M. Bolsonaro (@jairbolsonaro) February 26, 2020
Nessa terça, a editora do BR Político, Vera Magalhães, publicou no site um print do que seria uma conversa de WhatsApp em que Bolsonaro dispara o vídeo que mostra a facada que ele sofreu em 2018, em Juiz de Fora, convocando a população para o ato.
Críticas
Opositores, os ex-presidentes Lula (PT) e Fernando Henrique Cardoso (PSDB) criticaram Bolsonaro pelo disparo de mensagens. Lula afirmou que "é urgente que o Congresso Nacional, as instituições e a sociedade se posicionem diante de mais esse ataque para defender a democracia". Já FHC disse que se o presidente convocou "uma manifestação contra o Congresso ( a democracia) estamos com uma crise institucional de consequências gravíssimas".
A ex-presidente Dilma Rousseff (PT), também usou as redes sociais para se posicionar contra o disparo de mensagens por Bolsonaro convocando a população para os atos de 15 de março. "Torna-se urgente e necessária forte resposta das instituições ou o País mergulhará, mais uma vez, na escuridão das ditaduras", tuitou.
É urgente que o Congresso Nacional, as instituições e a sociedade se posicionem diante de mais esse ataque para defender a democracia.
— Lula (@LulaOficial) February 26, 2020
A ser verdade, como parece, que o próprio Pr tuitou convocando uma manifestação contra o Congresso ( a democracia) estamos com uma crise institucional de consequências gravíssimas. Calar seria concordar. Melhor gritar enquanto de tem voz, mesmo no Carnaval, com poucos ouvindo.
— Fernando Henrique Cardoso (@FHC) February 25, 2020
Bolsonaro e o general Heleno estão atentando descaradamente contra a constituição e a democracia ao convocar manifestação contra o Congresso Nacional. Torna-se urgente e necessária forte resposta das instituições ou o País mergulhará, + uma vez, na escuridão das ditaduras.
— Dilma Rousseff (@dilmabr) February 26, 2020
O presidente nacional da OAB, Felipe Santa Cruz, disse que o ato de Bolsonaro, se confirmado, pode abrir caminho para pedido de impeachment. “Entendo que é inadmissível, o presidente está mais uma vez traindo o que jurou ao Congresso em sua posse, quando jurou defender a Constituição Federal. A Constituição e a democracia não podem tolerar um presidente que conspira por sua supressão”, afirmou Santa Cruz.
Ex-presidenciável pelo PDT, Ciro Gomes pediu uma reação de "todos aqueles que prezam pela democracia" ao vídeo disparado pelo presidente Jair Bolsonaro. Adversário de Ciro e Bolsonaro na disputa eleitoral de 2018, o petista Fernando Haddad afirmou que o presidente pode ter cometido "crime de responsabilidade previsto na Constituição que jurou respeitar mas, certamente, nunca leu".
Acredito na seriedade da jornalista @veramagalhaes . Se o próprio presidente da República convoca manifestações contra o Congresso e o STF, não resta dúvida de que todos aqueles que prezam pela democracia devem reagir. (...)
— Ciro Gomes (@cirogomes) February 25, 2020
Bolsonaro, ao que tudo indica, cometeu crime de responsabilidade previsto na Constituição que jurou respeitar mas, certamente, nunca leu.
— Fernando Haddad (@Haddad_Fernando) February 26, 2020
O twitter oficial do PSDB também se posicionou, afirmando que "em todos os momentos de ameaça de ruptura às instituições, não importa de quem venha, o PSDB está no mesmo lugar".
Em todos os momentos de ameaça de ruptura às instituições, não importa de quem venha, o PSDB está no mesmo lugar: na defesa intransigente da democracia. É o que fazemos nesse momento. https://t.co/WPkM2VW4Mm
— PSDB (@PSDBoficial) February 25, 2020
A deputada federal Erika Kokay (PT-DF) classificou o disparo como "inaceitável". Já o líder do PSB na Câmara dos Deputados, Alessandro Molon (RJ) afirmou que o presidente "não consegue oferecer uma vida melhor ao povo" e culpa outros órgãos.
INACEITÁVEL
— Erika Kokay (@erikakokay) February 25, 2020
Bolsonaro está disparando de seu celular pessoal vídeo no WhatsApp convocando manifestações contra o Congresso Nacional para o próximo dia 15 de março.
O ato é CRIME DE RESPONSABILIDADE.
Não podemos conviver c/ esse nível de ataque e não reagir à altura!
Basta! O próprio presidente convoca ato contra a democracia? Como Bolsonaro não consegue oferecer uma vida melhor ao povo, procura culpados: o Congresso, o Judiciário, a imprensa... As forças democráticas vão agir. Vamos nos unir p/ impedir outra ditadura! https://t.co/GxN5Q8EfgQ
— Alessandro Molon (@alessandromolon) February 25, 2020
Considerado por Bolsonaro o pior governador do Nordeste, o maranhense Flávio Dino (PCdoB) disse que é "extremamente grave que altas autoridades civis e militares estejam apoiando atos políticos contra os Poderes Legislativo e Judiciário". Ex-aliado do presidente Jair Bolsonaro, o deputado federal Alexandre Frota (PSDB-SP) disse que o chefe do Executivo nacional e o ministro do Gabinete de Segurança Institucional (GSI), General Augusto Heleno, serão responsabilizados pelos acontecimentos.
Líder da oposição no Senado, Randolfe Rodrigues (REDE-AP) publicou que "agindo como um vulgar extremista e não como presidente do país, Jair Bolsonaro convoca ato contra a democracia".
Extremamente grave que altas autoridades civis e militares estejam apoiando atos políticos contra os Poderes Legislativo e Judiciário. Os defeitos destes tem que ser enfrentados de acordo com as leis, não com coação. Lembrando que tal coação constitui crime de responsabilidade.
— Flávio Dino ???????? (@FlavioDino) February 25, 2020
Bolsonaro chamando os Bolsonaristas para um ato ilegal anti democrático. Será responsabilizado pelos acontecimentos .Ele e o General que iniciou isso,no caso Heleno .
— Alexandre Frota 77 (@alefrota77) February 25, 2020
Agindo como um vulgar extremista e não como presidente do país, Jair Bolsonaro convoca ato contra a democracia. Chega! As forças democráticas precisam repudiar este comportamento vil e impedir a escalada golpista. https://t.co/esqJN9Eoi1
— Randolfe Rodrigues (@randolfeap) February 26, 2020