Após o presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), prometer, em entrevista à Folha de S.Paulo, que irá romper com o governo federal, o presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), desmarcou entrevista que concederia nesta sexta (17) para fazer um balanço das atividades do semestre.
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O Congresso entra em recesso parlamentar na segunda-feira (20) e só retoma suas atividades em agosto. Oficialmente, Renan alega que decidiu não falar no mesmo horário que Cunha, que marcou entrevista coletiva para esta sexta com o objetivo de formalizar sua decisão.
Nos bastidores, porém, Renan confidenciou a interlocutores que prefere manter-se em silêncio temporariamente. Ao contrário de Cunha, o estilo do presidente do Senado não é de partir para o ataque ao Palácio do Planalto verbalmente.
Renan tem preferido retaliar a presidente Dilma Rousseff em votações e manobras no Senado.
Já Cunha decidiu subir o tom depois de ser acusado pelo lobista Julio Camargo, nesta quinta (16), de receber US$ 5 milhões em propina.
"É tudo vingança do governo. Parece que o Executivo quer jogar a sua crise no Congresso", disse Cunha à Folha.
COLISÃO
Os dois chefes do Congresso -ambos do PMDB- estão em rota de colisão com Dilma desde que foram incluídos entre os investigados na Operação Lava Jato, que apura o esquema de corrupção na Petrobras.
Nesta quinta (16), Renan determinou a criação de duas CPIs incômodas ao Planalto: a do BNDES e dos fundos de pensão. O PT estava segurando há mais de dois meses suas indicações para a CPI dos fundos, mas recuou depois que Renan prometeu escolher por contra própria os integrantes.
O presidente do Senado também prometeu criar a CPI do BNDES na primeira semana de agosto. Ainda participou esta semana da operação que impediu a votação do projeto, de interesse do governo, que repatria recursos de brasileiros mantidos no exterior.
O PMDB é o principal aliado do governo Dilma no Congresso. O vice-presidente, Michel Temer, está no comando da sigla e acumula suas funções com a articulação política do governo.
