João Paulo chega neste domingo (2) ao dia da eleição municipal com o desafio de passar para o segundo turno e conseguir retomar o protagonismo político do PT no Estado. Esta será a quarta vez em que ele disputa a principal da cadeira do Palácio Capibaribe. Agora está em jogo não apenas a continuidade da força da legenda, mas também o futuro político dele. Inclusive porque há o risco de o petista não conseguir levar o pleito para a segunda rodada.
Apesar de ter saído bem avaliado da sua última gestão (mais de 80% de aprovação), que terminou em 2008, João Paulo estagnou na casa dos 25% das intenções de voto, de acordo com as principais pesquisas. Um melhor resultado agora não garante apenas a sobrevivência política do petista, mas também credencia o PT para a disputa de 2018 no Estado. Ou seja, a eleição deste ano vai ser o grande teste para o pleito que escolherá governador, senadores e deputados daqui a dois anos.
“No segundo turno, eu acho que com o tempo de televisão igual, tempo de rádio igual, e a força da nossa militância, vai ser a grande diferença, somando-se a tudo que nós fizemos de bom em todas as áreas. Estou muito confiante da nossa vitória”, avalia João Paulo. No guia, ele mostrou mais projetos que desenvolveu do que propostas novas para a cidade.
João Paulo é um dos principais nomes do PT em Pernambuco. Ajudou a fundar a legenda no Estado e, em 1988, foi eleito o primeiro vereador do PT do Recife. Dois anos depois, conseguiu se eleger a deputado estadual. Ao defender moradores de Sítio Grande, comunidade na Zona Norte do Recife, entrou em conflito com a Polícia Militar e teve três costelas quebradas e um pulmão perfurado.
O petista ocupou uma cadeira na Alepe até 2000, quando disputou a eleição para a Prefeitura do Recife e saiu vitorioso contra Roberto Magalhães, que concorria à reeleição e tinha o apoio do então governador Jarbas Vasconcelos. Foi reeleito em 2004 e elegeu o seu sucessor, João da Costa, em 2008.
Depois de ocupar o posto de deputado federal em 2010, viu a carreira política perder força. Na campanha de 2014, concorreu ao Senado e foi derrotado por Fernando Bezerra Coelho (PSB). “Eu não posso considerar uma campanha onde nós atingimos o nosso primeiro objetivo, que era a reeleição da presidente Dilma, contar que fomos derrotados politicamente. Nós fomos derrotados eleitoralmente por conta de um grande volume de recursos em todo o Estado. Eu não tive um prefeito me apoiando, a não ser os prefeitos do PT. Foi toda uma máquina pública de prefeituras, de governo do Estado contra mim e eu ter tido uma votação como essa”, avaliou o petista.
ANÁLISE
Para o cientista político Thales de Castro, professor da Faculdade Damas e da Universidade Católica de Pernambuco, o grande desafio de João Paulo no dia de hoje é manter a legenda viva e com densidade eleitoral. “O PT vive o seu pior momento. Há uma mácula muito profunda nas práticas políticas do PT e isso, por mais lealdade que um afiliado do PT tenha, certamente gera muito desconforto na legenda, nos candidatos e nos eleitores. A principal tarefa dele é manter a legenda viável, viva, manter o ideário político sobrevivendo a essas intempéries”, explicou.
“Numa campanha, você disputa para ganhar e para perder. A minha avaliação é que nós temos grandes chances de ganhar essa eleição porque esse governo (de Geraldo Julio) é muito ruim, é péssimo política e administrativamente. É um candidato inseguro, que não tem posição, que não enfrenta problema, que muda de posição de uma hora para outra, e a cidade está precisando de um prefeito que tenha coragem de enfrentar os momentos que nós vivemos”, avaliou João Paulo.