CONFLITOS DIPLOMÁTICOS

Bolsonaro diz que palestina tem 'direito de reclamar' sobre escritório em Jerusalém

Após anunciar a abertura do escritório de negócios, o presidente pregou cautela em relação à mudança oficial da embaixada brasileira para Jerusalém

JC Online
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Publicado em 01/04/2019 às 11:59
Foto: Alan Santos/PR
Após anunciar a abertura do escritório de negócios, o presidente pregou cautela em relação à mudança oficial da embaixada brasileira para Jerusalém - FOTO: Foto: Alan Santos/PR
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Ao ser questionado por jornalistas como esperava que os palestinos reagissem a decisão de mudar a embaixada brasileira em Israel para Jerusalém e da abertura de um escritório de negócios na cidade, o presidente Jair Bolsonaro (PSL) afirmou que "é direito deles reclamar", segundo informações da Folha de S. Paulo. A declaração foi dada nesta segunda-feira (1º), em Jerusalém, onde o presidente está em viagem oficial desde domingo (31).

Apesar de voltar a ressaltar a intenção de mudar a embaixada de lugar, medida que foi uma das suas promessas de campanha em 2018, Bolsonaro pregou cautela e reforçou que a mudança leva tempo. "Tenho compromisso, mas meu mandato vai até 2022. Tem que fazer as coisas devagar, com calma, sem problemas", disse.

"O que eu quero é que seja respeitada a autonomia de Israel. Se eu fosse hoje abrir negociações com Israel, eu colocaria a embaixada aonde? Em Jerusalém. Não queremos ofender ninguém, mas quero que respeitem nossa autonomia", afirmou o presidente.

Reação palestina

A Autoridade Palestina, por meio de comunicado oficial, condenou "nos termos mais fortes" a decisão do presidente brasileiro e convocou seu embaixador no Brasil para consultas. A nota afirma considerar a decisão uma "violação flagrante da legitimidade ao nosso povo e a seus direitos e uma resposta afirmativa para a pressão israelense-americana que mira reforçar a ocupação e a construção de assentamentos na área ocupada em Jerusalém".

Conflitos

Os palestinos, assim como Israel, reivindicam a cidade de Jerusalém como capital, gerando conflitos diplomáticos entre ambos. Por essa razão, a maioria dos países segue a orientação da ONU de manter suas embaixadas em Tel Aviv, com exceção da Guatemala e dos Estados Unidos, que, com Donald Trump, mudaram a representação para Jerusalém. Jair Bolsonaro já disse em outras ocasiões que gostaria de seguir os mesmos passos dos americanos nesse sentido.

A medida agrade a base evangélica do presidente brasileiro, que, de modo geral, reconhecem Jerusalém como capital de Israel como a restauração de uma verdade bíblica - termo já usado pelo próprio Bolsonaro.

Para realizar a mudança, porém, Bolsonaro enfrenta pressão para não desagradar os países árabes ou prejudicar as reações comerciais com eles, que são grandes importadores de carne brasileira.

A cautela fez com que o presidente desse uma solução momentânea para sanar a promessa, prometendo a abertura do escritório de negócios em Jerusalém, decisão considerada frustrante pelo premiê israelense Binyamin Ntanyahu, segundo a Folha de S. Paulo, que esperava atitude mais enfática.

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