O Museu de História Natural dos Estados Unidos, com sede em Nova York, expressou nesta quinta-feira (11) profunda preocupação por uma homenagem ao presidente Jair Bolsonaro (PSL), agendada para maio em sua sede. Ele foi escolhido para receber o prêmio "Personalidade do Ano" da Câmara de Comércio Brasil-Estados Unidos, em seu jantar de gala, em 14 de maio.
Todos os anos, a câmara escolhe duas personalidades, uma americana e outra brasileira, e as premia em seu jantar de gala para mais de mil convidados, com entradas ao preço individual de 30.000 dólares, que estão esgotados.
"O evento externo e privado, no qual o atual presidente do Brasil será homenageado foi reservado no museu antes de o homenageado ser escolhido", reagiu o museu em sua conta no Twitter. "Estamos profundamente preocupados, e estamos explorando nossas opções", acrescentou.
The external, private event at which the current President of Brazil is to be honored was booked at the Museum before the honoree was secured. We are deeply concerned, and we are exploring our options.
— American Museum of Natural History (@AMNH) 12 de abril de 2019
Ativistas criticam
Ativistas ambientais se queixam de que Bolsonaro seja premiado no Museu de História Natural, segundo o site de informações on-line Gothamist, que cita vários deles. Treze representantes de povos indígenas denunciaram nesta quarta-feira, em carta aberta publicada no jornal francês Le Monde, que a política ambiental de Bolsonaro os deixa às portas de "um apocalipse".
"Esse governo quer monopolizar toda a Amazônia, dessangrá-la ainda mais construindo novas estradas e ferrovias", alertam a cacique Ivanice Pires Tanone, do povo Kariri Xocó, e o cacique Paulinho Paiakan, do povo Kayapó, entre outros dirigentes.
Desde que assumiu o poder em 1º de janeiro, Jair Bolsonaro pôs em andamento políticas contrárias à demarcação de terras indígenas e às ONGs que lutam contra as mudanças climáticas.
Assim que assumiu o poder, Bolsonaro transferiu para o ministério da Agricultura a questão sensível da demarcação de terras indígenas e o serviço de vigilância florestal, acendendo as críticas de organizações indigenistas e de defesa do meio ambiente.
O presidente, eleito com mais de 55% dos votos após uma campanha com um forte discurso anticorrupção e de linha dura contra a criminalidade, também foi acusado de racismo e homofobia, após polêmicas declarações públicas.
No ano passado, foram premiados no museu do bilionário ex-prefeito de Nova York Michael Bloomberg e o então juiz Sérgio Moro, encarregado da Lava Jato, atual ministro da Justiça e Segurança Pública.