Memória Política

A verdadeira historia do desaparecido político Ezequias Bezerra

O laudo tanatoscópico e a cópia do ofício de remoção do cadáver comprovam que o militante foi submetido a tortura e não resistiu

Beatriz Albuquerque
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Beatriz Albuquerque
Publicado em 03/12/2013 às 15:32
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O laudo tanatoscópico e a cópia do ofício de remoção do cadáver comprovam que o militante foi submetido a tortura e não resistiu - FOTO: Divulgação
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Mais uma morte do período da Ditadura Militar (1964-1985) foi esclarecida pela Comissão Estadual da Memória e Verdade Dom Helder Câmara. O laudo tanatoscópico e a cópia do ofício de remoção do cadáver de Ezequias Bezerra da Rocha, desaparecido desde 11 de março de 1972, foi encontrado pela professora Carolina Cahu no acervo do Instituto de Medicina Legal de Pernambuco (IML-PE). Os documentos desmentem a versão oficial, que sustentava até agora um suposto tiroteio entre integrante do PCBR e as forças de repressão do período ditatorial.
 
O laudo comprova que Ezequias Bezerra foi submetido a tortura e não resistiu. “Choque, decorrente de traumatismo cranioencefálico e do tronco, e ferimento penetrante de abdômen, respectivamente, por instrumento contundente e pérfuro-cortante. Trata-se de morte por homicídio”, confirma o documento. O corpo foi encontrado na barragem do Bambu, no Município de Escada, com as mãos e pés amarrados por cordas, envolto em uma rede e com uma pedra de 30 kg atada ao cadáver. Até hoje, os familiares de Ezequias não sabem onde o corpo foi enterrado.

“Passado 41 anos, é com imenso pesar que a gente chega a mais um passo concreto de quando ele foi morto. Sabíamos que ele tinha sido sequestrado, preso e torturado, mas o detalhe da autópisia é que é estremamente traumático”, disse Ednaldo Bezerra da Rocha, irmão de Ezequias. Há 21 anos, a família entrou com um processo responsabilizando a União pela morte de Ezequias. O processo já foi julgado e a família ganhou em todas as instâncias, inclusive no Supremo Tribunal Federal. Agora, o processo está na fase de execução da sentença e nenhum documento poderá ser anexado.

A Comissão da Verdade solicitará uma certidão de óbito retificada, que poderá ser emitida dentro dos próximos 3 meses. “A gente supunha o grau de violência, mas constatar a barbárie é algo que nos conforta por um lado, pois conseguimos revelar isso. A impunidade era tamanha que nesse caso o corpo não tinha identidade. A Comissão se sente recompensada sim, porque o nosso trabalho é fazer esse resgate”,afirmou a relatora do caso, Nadja Brayner.

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