Apresentada nessa terça-feira pela Comissão Estadual da Verdade Dom Hélder Câmara, a documentação secreta do Ministério da Aeronáutica cita, pela primeira vez, a prisão do militante Fernando Santa Cruz, desaparecido em 23 de fevereiro de 1974. A informação extraída de fonte oficial dos órgãos do regime militar reforçará o pedido de reabertura do caso na Comissão Interamericana de Direitos Humanos (CIDH) da Organização dos Estados Americanos.
“A informação produzida de dentro do Estado comprova o que já sabíamos através de cartas, depoimentos, relatos. Agora temos a versão oficial: de que meu irmão foi preso”, disse o advogado e vereador de Olinda, Marcelo Santa Cruz.
O informe, que traz o relato de outras prisões, foi encontrado no Arquivo Nacional e data de setembro de 1978. Segundo Marcelo, o Gabinete de Assessoria Jurídica às Organizações Populares (Gajop) tem a procuração da família para cuidar da reabertura do caso nº 1899, que foi arquivado na década de 1980 por falta de informações.
A denúncia chegou à instituição através da carta da mãe de Fernando, dona Elzita Santa Cruz, hoje, com 100 anos. O momento em que ela entrou ontem no auditório da Ordem dos Advogados do Brasil - Pernambuco, onde se realizava o evento, foi tomado por aplausos.
Também estiveram presentes familiares do desaparecido político Eduardo Collier, integrante, assim como Fernando, da Ação Popular Marxista-leninista (APML). Embora o documento novo não cite a prisão de Collier, depoimentos e outras documentações levam a crer que os dois foram presos juntos. Irmã gêmea do militante, Cristina Collier exaltou a luta de resistência empreendida pelo irmão.