A Comissão Estadual da Memória e Verdade Dom Helder Câmara, de Pernambuco, entregou nesta terça-feira (5) à Comissão Nacional da Verdade (CNV) relatório sobre o caso do padre Henrique, morto no final da década de 60, durante a ditadura militar. O documento demorou quatro anos para ficar pronto.
Para a comissão estadual, a morte do padre teve caráter político, contrariando versões oficiais de que foi um assassinato comum. De acordo com a comissão, houve interferência na investigação do caso. “Foi um crime eminentemente político, mesmo ele [padre Henrique] não tendo participação política partidária”, disse o secretário-geral da comissão pernambucana, Henrique Mariano.
O padre era assessor do arcebispo, dom Helder Câmara, que criticava a ditadura militar e acolheu perseguidos políticos. O corpo do padre foi encontrado em um matagal, na Cidade Universitária, com marcas de espancamento, queimaduras, cortes profundos e ferimentos de arma de fogo. “Sem dúvida alguma, o assassinato do padre visou a atingir, enfraquecer e amedrontar a atuação de dom Helder, o que não aconteceu. Estamos resgatando a verdade do caso e colocando sua missão em um lugar digno na história do Brasil", acrescentou o secetário.
A comissão estadual também apresentou à CNV mais 51 casos de pernambucanos torturados durante o regime militar. Os casos serão incluídos no relatório final da CNV, que deve ser divulgado em 10 de dezembro.