A conotação política também esteve presente no velório do ex-governador Eduardo Campos. Várias bandeiras do PSB nas cores preta e branca foram distribuídas. Também eram vistas flâmulas de Pernambuco e com o número do PSB. Adesivos com rostos de Eduardo e Marina Silva, que seria sua vice na chapa, estavam grudados nas roupas dos populares. Um homem distribuía os adesivos na estrutura montada em frente ao Palácio do Campo das Princesas para quem passava na fila de vista ao caixão. Camisas com a frase “Não vamos desistir do Brasil”, dita por Eduardo na entrevista ao Jornal Nacional na véspera do acidente que o vitimou, também foram entregues.
A politização da cerimônia também foi feita pelos admiradores de Eduardo, que entoavam gritos como “Eduardo, guerreiro do povo brasileiro”, “Fora o PT”, “Brasil para frente, Marina presidente” e “Fora Dilma”. Os gritos aconteciam esporadicamente ao longo do velório e no cortejo do Palácio até o cemitério de Santo Amaro.
No trajeto de cerca de dois quilômetros entre a sede do governo e o cemitério, dois carros de som tocavam o jingle da campanha de Eduardo ao governo do Estado de 2010. Os veículos estavam estacionados em cima da calçada na esquina das ruas da Aurora com Mário Melo e no cruzamento da Avenida Cruz Cabugá com a Rua dos Palmares.
A dona de casa Sebastiana Belo da Silva, de 70 anos, moradora do bairro de Nova Descoberta, no Recife, estava com uma bandeira do PSB e um adesivo com de Eduardo e Marina. “Peguei porque estava sem nada dele, queria homenagear. Pelo que se vê aqui, ele já estava eleito, era muito querido”, disse. Ela também levou flores para deixar no caixão.
Igualmente munida de bandeira e adesivos estava a funcionária pública Juraci Maria da Costa, 61 anos. “É uma forma de lembrar a pessoa dele. Não é momento ainda de pensar em política, não acho que isso foi distribuído em termos de campanha”, opinou. Juraci e Sebastiana relataram que pegaram o material com um homem que estava entregando na Rua da Aurora, próximo à Ponte Princesa Isabel. Também na Rua da Aurora, próximo à Assembleia Legislativa, um homem estava com uma quantidade de adesivos. Questionado pela reportagem, ele disse que uma mulher passou distribuindo o material na fila.
A vendedora Claudecy Barbosa, 45 anos, moradora de Paulista, vestia uma camisa com a frase dita por Eduardo. Ela disse que pegou a peça com um homem que estava em um carro fechado próximo ao teatro. “Achei boa a frase que ele disse, que não devemos esquecer o Brasil. É bom porque é uma divulgação, incentiva mais as pessoas, de quem tem dúvida do seu voto. Não vejo pelo lado político, vejo pelo lado de quem acredita no projeto dele”, relatou.