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Reunião entre Paulo Câmara e Lula é cercada de mistério

Socialista e petista trabalham para a 'reconstruir pontes' entre PSB e PT

Franco Benites
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Franco Benites
Publicado em 06/02/2015 às 6:40
Ricardo Stuckert/ Instituto Lul
Socialista e petista trabalham para a 'reconstruir pontes' entre PSB e PT - FOTO: Ricardo Stuckert/ Instituto Lul
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Em São Paulo para reunião com lideranças empresariais nessa quinta-feira (5), o governador Paulo Câmara (PSB) reservou um horário na agenda para um encontro “secreto” com o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT). Os dois se reuniram na sede do Instituto Lula pela manhã e em seguida almoçaram juntos.

O encontro entre Lula e Paulo não constava na agenda do socialista divulgada pelo governo estadual, mas a reunião foi oficialmente divulgada pela equipe do Instituto Lula. No site da instituição e no perfil que o petista mantém no Facebook, foram publicadas fotos do ex-presidente com o chefe do Executivo estadual.

Oficialmente, a informação divulgada é de que Lula e Paulo conversaram sobre as “perspectivas para o Estado” e que o governador convidou o ex-presidente para visitar Pernambuco e que ele deverá voltar ao território pernambucano ainda no primeiro trimestre. “Lula perguntou pelos obras em Pernambuco, muitas delas em parceria com o governo dele na Presidência. E quis saber do povo pernambucano, por quem tem muito carinho. Eu disse que nosso povo tem uma gratidão muito especial por ele”, disse o governador por meio de sua assessoria de imprensa.

Em Pernambuco, a leitura é que o encontro serviu para aproximar o PT do PSB, distantes nacionalmente desde 2013, quando o ex-governador Eduardo Campos iniciou seu projeto presidencial. O governador mostrou interesse na reunião também por saber que uma aproximação com os petistas pode resultar na liberação de investimentos do governo federal para o Estado.

Paulo levou pedidos a Lula, mas também saiu com uma missão segundo informações de bastidores. Integrante da Executiva nacional do PSB, ele é uma das apostas do ex-presidente para intermediar uma relação mais amistosa entre a bancada socialista na Câmara Federal e o governo Dilma Rousseff (PT). Essa aproximação seria essencial após a derrota que os petistas tiveram na eleição para presidência da Casa.

O senador Fernando Bezerra Coelho (PSB), que vem defendendo a parceria com o PT, falou sobre o encontro. “Isso é um início de um diálogo que mais cedo ou mais tarde precisava ser retomado. Ao ir a Lula, Paulo dá um primeiro passo para a aproximação com o governo federal, para que possa ter um diálogo mais amistoso e intenso”, disse.

Ainda segundo Fernando Bezerra Coelho, mesmo fora do governo e apesar dos rumos de que anda distante da presidente Dilma, Lula é uma ponte importante entre Paulo e a gestão petista. “Não há nada que impeça a intelocução privilegiada que Lula sempre teve e continua tendo no governo de Dilma”, avaliou.

Para o senador, o encontro ainda teve um componente emocional. “Essa visita tem um símbolo também de muito sentimento. Paulo sucede Eduardo após sua morte e percebe a importância de reatar os laços de amizade e políticos do PSB com o PT e em especial com Lula”, declarou.

MISTÉRIO EM SÃO PAULO


O roteiro de Paulo Câmara em São Paulo foi cercado de mistérios. Primeiro, o encontro com o ex-presidente Luis Inácio Lula da Silva só foi confirmado pela assessoria do governador após o instituto do petista anunciar a reunião. Depois, a equipe socialista não quis informar de quem partiu a iniciativa do almoço entre os dois.

Os assessores do governador primeiro afirmaram que Paulo e Lula haviam combinado de se encontrar na diplomação da presidente Dilma Rousseff (PT) em dezembro do ano passado. Questionada especificamente sobre quem era o autor do convite para a audiência ontem em São Paulo, a equipe declarou que responderia à reportagem do Jornal do Commercio e não retornou com um posicionamento oficial ao pedido do jornal até o fechamento desta edição.

O segredo sobre o encontro entre Lula e Paulo era tamanho que, entre petistas e socialistas, ninguém quis falar abertamente sobre o conteúdo da conversa. O único integrante do PSB que comentou a reunião foi o senador Fernando Bezerra Coelho, que garantiu que também terá uma audiência com o ex-presidente logo após o carnaval.

Nos bastidores,  a informação é de que a solicitação da audiência foi feita pelo governador à direção do Instituto Lula. A iniciativa surgiu como forma de “quebrar o gelo” entre os dois e foi recebida com entusiasmo pelo ex-presidente. As testemunhas da reunião também foram poucas: diretor-presidente do Instituto Lula, Paulo Okamotto, e o ex-ministro da Secretaria de Comunicação Social, Franklin Martins.

O mistério se repetiu em relação às reuniões que Paulo Câmara teve com duas lideranças empresariais de São Paulo. A assessoria do governador manteve em sigilo  o nome dos empresários consultados e quais os assuntos que foram tratados pelo socialista na passagem pela capital paulista.
Em reserva, uma fonte do Palácio do Campo das Princesas declarou que o silêncio governista era muito mais em respeito a um pedido dos empresários visitados por Paulo Câmara. Essa mesma fonte disse que o governador viajou animado e que voltaria com notícias positivas para o Estado.

O governador dormiu em São Paulo e retorna a Pernambuco nesta sexta-feira (6), mas não terá agenda pública.

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