Reconduzido à liderança do PT no Senado para o ano de 2015, Humberto Costa prevê um ano de dificuldades para o partido e para o governo federal. O diagnóstico do parlamentar soma a eleição de Eduardo Cunha para a presidência da Câmara Federal, que exigirá do governo um maior jogo de cintura para manter a governabilidade, a eminente crise econômica que o governo nega que esteja próxima, as denúncias cada vez mais sérias da Operação Lava Jato e a atuação cada vez mais forte da oposição.
Na semana passada, a Operação Lava Jato fez uma das suas mais críticas denúncias, de que o PT teria recebido propinas que chegariam a US$ 200 milhões. A denúncia, feita pelo ex-gerente de engenharia da Petrobrás, Pedro José Barusco Filho, envolve o tesoureiro do PT, João Vaccari Neto. Para o senador, é preciso aguardar o resultado das investigações para que possa apontar se há culpados.
“O tesoureiro do PT tem negado de maneira enfática a prática de qualquer tipo de irregularidade junto a Petrobrás. Todas as contribuições que o partido recebe são contribuições que ocorrem na forma da lei, assim como os demais partidos”, afirmou Humberto Costa.
O senador, disse, ainda, que continua acreditando na inocência de Vaccari. “A não ser que uma investigação bastante bem fundamentada demonstre que isso é fato, eu continuo acreditando que a palavra do tesoureiro precisa ser respeitada. Até que se prove o contrário, ele é inocente. Eu prefiro aguardar a manifestação da Justiça e do Ministério Público”, acrescentou.
Entre os quadros que podem contribuir para o período negro do PT, estão os cenários econômico e político. “Nós temos uma necessidade de promover um ajuste interno para podermos resgatar a credibilidade da nossa política econômica”, disse sobre a economia. Já no campo político, o parlamentar cita a “instabilidade na governabilidade”, principalmente na Câmara Federal. “A oposição não cresceu dentro do Senado. Na Câmara é que o momento é difícil, é preocupante”, afirmou.
“Eu acho que o governo tem pensar a governabilidade dentro de um conceito mais amplo, junto com a sociedade, com os movimentos sociais. Se nós ficarmos a depender unicamente das relações políticas no Congresso Nacional, o ambiente fica difícil”, acrescentou. Humberto acredita que chegará um momento em que o Senado poderá conter projetos da Câmara para manter a estabilidade do governo, principalmente na área econômica.
PLEITO DE 2016
Já visando as eleições de 2016, Humberto Costa fez críticas à gestão do prefeito do Recife, Geraldo Julio (PSB). “Eu vejo muitas dificuldades na manutenção da cidade, especialmente nas áreas populares, uma coleta deficiente do lixo, a pouca importância que se dá ao saneamento básico, as condições habitacionais, obras viárias que precisariam estar sendo feitas. Não vejo empenho numa política educacional que diferencie o Recife de outras cidades. E creio que podemos estar bem mais avançados na área da saúde”, disparou o petista. Na semana passada, o senador avaliou como positiva a aproximação do governador Paulo Câmara (PSB) com o ex-presidente Lula (PT).
Para 2016, Humberto informou que o PT está avaliando se manterá as alianças de 2014. Questionado se o ex-prefeito João Paulo seria o nome mais cotado para entrar na disputa, Humberto afirmou que ainda é cedo para citar nomes e que o PT poderá lançar mão de novos quadros.