Recém escolhido um dos vice-líderes do governo da presidente Dilma Rousseff (PT) na Câmara Federal, o deputado Sílvio Costa (PSC), cujo partido ainda não está formalmente na base governista, reconhece o “déficit” de diálogo da presidente para com o parlamento. Ciente dos “efeitos colaterais” da primeira derrota do novo governo – a vitória de Eduardo Cunha (PMDB) para presidente da Câmara e a perda de Arlindo Chinaglia (PT) –, o deputado recebeu uma ordem expressa do Planalto: aglutinar.
“Estamos há apenas 12 dias dessa legislatura. A governabilidade é uma maratona. Evidente que a eleição provocou alguns efeitos colaterais, mas o tempo cura muita coisa e a gente vai retomar a governabilidade”, avaliou. O primeiro sinal disso, frisou, é que a presidente receberá os líderes partidários após o Carnaval. “Nós também vamos procurar conversar com todos, até com a oposição”, disse.
A estratégia de aparar as arestas com a base governista tem o objetivo de conseguir apoio suficiente para aprovar o pacote de ajuste fiscal, prioridade número um da presidente. As medidas provisórias (MPs) endurecem o acesso a seguro-desemprego, pensões por morte, abono salarial e auxílio-doença.
Para tanto, Sílvio Costa adianta que vai trabalhar para que a oposição volte a ter a dimensão de antes: PSDB, PPS e DEM. Nesse sentido, partidos como PSB, que na eleição à Mesa Diretora lançou a candidatura de Julio Delgado, estão na mira dos governistas. “O meu sentimento hoje é que a maioria da bancada do PSB quer voltar para a base. É o que ouço no parlamento. A resistência que existe, mas é menor que antes, vem de Pernambuco e São Paulo”, disse.
Ao mesmo tempo em que afaga os governistas, Sílvio Costa desqualifica a oposição. “Demagoga, despreparada e panfletária”, adjetivou. “Ela está na tese de atrapalhar a governabilidade da presidente Dilma. Esse orçamento impositivo (também aprovado por partidos da base), defendido pela oposição está errado. O Brasil não tem recursos. Então é inconstitucional”, disse. Ele afirmou, ainda, que a criação da Comissão Parlamentar de Inquérito da Petrobrás servirá somente para a oposição fazer “seu show”. “É natimorta. Não vai poder cumprir seu papel principal, que é o de investigar”, falou. Para ele a oposição não tem moral para apontar o dedo para o PT, no que toca os escândalos de corrupção. “Não foi o PT que inventou a corrupção. Ela já tá no País há um bocado de tempo, desde Fernando Henrique Cardoso, disse um delator”.