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Comissão Dom Helder Câmara recebe novos documentos sobre ditadura militar em Pernambuco

Os registros estavam sob o poder da Comissão de Anistia do Ministério da Justiça e, através de uma cooperação, os 14 arquivos serão repassados à entidade pernambucana

Do JC Online
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Publicado em 26/02/2015 às 18:37
Foto: Clemilson Campos/Acervo JC Imagem
Os registros estavam sob o poder da Comissão de Anistia do Ministério da Justiça e, através de uma cooperação, os 14 arquivos serão repassados à entidade pernambucana - FOTO: Foto: Clemilson Campos/Acervo JC Imagem
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A Comissão Estadual da Memória e Verdade Dom Helder Câmara recebe, na tarde de hoje, 700 páginas de documentos históricos originais produzidos pela Polícia Científica de Pernambuco à época da ditadura militar (1964-1985). Os registros estavam sob o poder da Comissão de Anistia do Ministério da Justiça e, através de uma cooperação, os 14 arquivos serão repassados à entidade pernambucana. Instalada em 2012, a Comissão Dom Helder Câmara tem até junho de 2016 para apresentar seu relatório sobre o regime.

A cerimônia de entrega dos arquivos ocorre no auditório Tancredo Neves, em Brasília. Os documentos esclarecem casos como o do padre Antônio Henrique, assessor do ex-arcebisbo de Olinda e Recife, Dom Helder Câmara - assassinado em maio de 1969, trazendo o exame do local da morte do religioso. 

Para o cientista político Manoel Moraes, membro da Comissão Dom Helder, a descoberta desses documentos é fundamental porque traz os escritos originais feitos pela polícia. “Nós já tínhamos parte desses documentos. Recebendo esses arquivos, nós iremos analisá-los página a página, pra saber o que tem de novo”, explica. Moraes esclarece que a maior dificuldade para investigar a história se deve ao tempo, pelo fato de já fazer 40 anos que os fatos ocorreram. “Como iríamos imaginar que esses escritos estavam no Ministério da Justiça? O trabalho, agora, é juntar o quebra-cabeça”, afirma.

Atualmente, a Comissão Dom Helder investiga 51 casos de possíveis vítimas do regime militar, como o da costureira Anatália Alves, cujo corpo foi encontrado parcialmente carbonizado na cela do DOPS - Recife/PE, em janeiro de 1973. Para a comissão, os agentes da ditadura teriam forjado um suicídio, mas na verdade, a costureira teria sido assassinada. Documentos referentes a esse e outros casos estão disponíveis para consulta no site da Companhia Editora de Pernambuco (Cepe), através do endereço https://www.cepe.com.br/.

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