Lava Jato

Doleiro afirma em depoimento que Eduardo Campos teria recebido R$ 10 milhões em propina

As propinas teriam sido pagas pelas empreiteiras Queiroz Galvão, Odebrecht e OAS, em contratos de obras na refinaria Abreu e Lima. O ex-senador Sérgio Guerra (PSDB) e o deputado Eduardo da Fonte (PP) também são citados

Do JC Online com informações da Folha de S. Paulo
Cadastrado por
Do JC Online com informações da Folha de S. Paulo
Publicado em 03/03/2015 às 9:01
Foto: JC Imagem
As propinas teriam sido pagas pelas empreiteiras Queiroz Galvão, Odebrecht e OAS, em contratos de obras na refinaria Abreu e Lima. O ex-senador Sérgio Guerra (PSDB) e o deputado Eduardo da Fonte (PP) também são citados - FOTO: Foto: JC Imagem
Leitura:

O doleiro Alberto Youssef, uma das peças-chave mais emblemáticas da Operação Lava Jato, que investiga esquemas de desvio de dinheiro na Petrobras, afirmou em depoimentos de delação premiada que o ex-governador de Pernambuco Eduardo Campos (PSB), morto em um desastre aéreo ano passado, o ex-presidente do PSDB Sérgio Guerra, que morreu em 2014, e o deputado Eduardo da Fonte (PP-PE) teriam recebido propina em contratos das obras da refinaria Abreu e Lima. O doleiro detalhou dois casos específicos, nos quais mais de R$ 40 milhões foram movimentados para, entre outras medidas, impedir a criação de uma CPI envolvendo a estatal. As informações foram divulgadas pelo jornal Folha de S. Paulo.

Em seu depoimento, o doleiro afirma que Eduardo Campos teria recebido, entre 2010 e 2011, R$ 10 milhões de propina das empreiteiras Odebrecht e OAS para a instalação de unidades de processamento em Abreu e Lima. Eduardo Campos teria recebido o montante para evitar dificuldades no andamento das negociações.

O total da propina foi de R$ 30 milhões, valor dividido entre o ex-governador, Paulo Roberto Costa e o PP. A propina teria sido entregue a Eduardo Campos no Recife.

Além dos políticos pernambucanos, o delator também envolveu em seus depoimentos o senador Ciro Nogueira (PP-PI), e o ex-diretor de abastecimento da Petrobras Paulo Roberto Costa, que está preso. Youssef afirmou que Nogueira e Fonte teriam, entre 2010 e 2011, recebido propina da construtora Queiroz Galvão para formalizar um contrato para implantação de tubovias na refinaria Abreu e Lima. Na época, tanto a Queiroz Galvão quanto a Iesa assinaram contrato no valor de R$ 2,7 bilhões para a implantação das tubovias.

O contrato teria sido assinado no Rio de Janeiro, na presença de um representante da Queiroz Galvão, Paulo Roberto Costa, o ex-presidente do PP, José Janene, morto em 2010, o ex-assessor do PP João Genu e o próprio Youssef. Na negociação, a empreiteira foi pressionada para dar celeridade aos processos, sob a ameaça de que fosse criada uma CPI da Petrobras, à época estimulada pela oposição.

O operador do esquema foi Fernando Soares, também preso pela Lava Jato. Parte da propina foi paga em doações oficiais aos políticos e a outra destinada a Youssef, que repassou para Ciro Nogueira e Eduardo da Fonte. Sérgio Guerra entra na história para impedir a realização de uma CPI na Estatal. Para isso, o ex-senador teria recebido R$ 10 milhões.

Últimas notícias