Desarticulada, constrangida e sem unidade de ação. A bancada oposicionista, na Assembleia Legislativa, demonstrou, nesta quarta-feira (11), que atua sem uma agenda compartilhada no papel institucional de fiscalizar e fazer o contraditório ao governo estadual. O PSOL – por seu único deputado, Edilson Silva – tem atuado de maneira isolada e com iniciativas próprias, sem antecipar aos demais 12 parlamentares e sem combinar estratégia de atuação.
Ontem, Edilson anunciou, na tribuna, ter ingressado com um mandado de segurança para que a Justiça obrigue o governador Paulo Câmara (PSB) a cumprir o piso nacional dos professores, que teve reajuste nacional em janeiro, sem previamente informar aos colegas da bancada.
A nova atitude do PSOL ocorre quando está no exercício do quarto mandato na Casa a deputada e professora da rede oficial Teresa Leitão (PT), que há 12 anos é vista como representante da categoria no Legislativo e que não foi comunicada do pronunciamento.
Nos bastidores da oposição, o gesto isolado do PSOL é contabilizado como o terceiro. O primeiro foi o seminário sobre o Pacto pela Vida, uma semana antes da audiência pública realizada pela bancada, e o segundo foi o pedido de informações de gastos das PPPs, quando a oposição tentava constituir uma comissão especial.
Oposicionistas tentam contornar os “incômodos” dos gestos do PSOL, mas o isolamento tem gerado constrangimento. “Não fui comunicada (com antecedência). Ele me entregou pouco antes (de subir à tribuna), mas considero que é um reforço à luta política (dos professores)”, avaliou Teresa Leitão.
A petista procurou desconsiderar a atuação do aliado. Porém, oposicionistas, no anonimato, defendem que as questões sejam discutidas na bancada, até para articular o discurso no plenário.
“Edilson faz parte da Comissão de Educação e estava na reunião que aprovou a convocação de uma audiência pública sobre o tema (a ser ainda realizada)”, criticou a precipitação um oposicionista, que entende que o mandado de segurança pelo piso salarial docente deveria ser da bancada.
Em primeiro mandato parlamentar, Edilson explicou as iniciativas isoladas do PSOL como consequência do entendimento do partido de que ter “unanimidade” nas ações facilitaria a defesa pelo governo. “Eu já coloquei isso na bancada. Ela é diversa, não só de partidos, mas também de trajetórias políticas. Não há queixa na bancada. Ter pluralidade de ação dificulta a defesa do governo. Eu informei a Sílvio Costa Filho (PTB, líder da oposição) que falaria hoje (ontem) sobre o piso”, disse.
No mandado de segurança, pelo reajuste do piso dos professores, o PSOL acusa de “omissão” o governo do Estado e pede que o valor seja aumentado de R$ 1.697,39 para R$ 1.917,78, retroativo a 1º de janeiro. Membro da base governista, Aluísio Lessa (PSB) retrucou a acusação.
“Não é verdade que o governo está omisso. Há uma mesa de negociação instituída, que já se reuni com 17 sindicatos, inclusive o dos professores. A orientação do governo é aguardar o desempenho da economia no quadrimestre para autorizar o reajustes”, disse. “São apenas 10% dos professores do ensino fundamental que não receberam o reajuste”, ressalvou o líder do governo, Waldemar Borges (PSB).