Pressionado pela oposição na Assembleia Legislativa, a bancada do governo anunciou no plenário, nesta terça-feira (24), que o vice-governador Raul Henry (PMDB) – coordenador do Comitê Gestor do Programa de Parcerias Público-Privadas (PPPs), criado pelo governador Paulo Câmara (PSB) – irá ao Legislativo para prestar informações sobre o contrato da Arena Pernambuco, apresentar alternativas e ouvir sugestões dos deputados. À noite, Henry confirmou a ida à Alepe, adiantando que vai esperar a definição da data. “Irei, sim. Tratarei com transparência. O problema da Arena é que a realidade não confirmou a arrecadação projetada. Temos agora de diminuir os custos”, admitiu.
O anúncio governista ocorreu no momento em que o deputado e ex-conselheiro do Tribunal de Contas (TCE) Romário Dias (PTB) acusava na tribuna o governo de não responder – via bancada governista – os pedidos de informação feitos em plenário pela oposição. E um dia após o líder da bancada, Silvio Costa Filho (PTB), enviar à Mesa Diretora o pedido de audiência pública na Comissão de Desenvolvimento Econômico sobre os custos da Arena. Ainda ontem, a Comissão de Constituição e Justiça (CCLJ) da Alepe aprovou projeto do governo remanejando verba para criar o Comitê Gestor das PPPs.
Na tribuna, o petebista Romário Dias desafiou o governo a dar informações à Casa sobre o contrato e custos da Arena e sentenciou que o estádio “não terá viabilidade” sem a construção da prometida Cidade da Copa (bairro com comércio, faculdades, edifícios e escolas no entorno do estádio). “Por que a Arena não está dando certo? O Estado está pagando o prejuízo. Com quem vai ficar o terreno (doado pelo governo à Odebrecht)?”, questionou.
Os governistas reagiram pedindo a divisão de responsabilidades e o reconhecimento à importância da obra para a divulgação do Estado. “A oposição resume uma obra grandiosa a algumas falhas. Esta Casa aprovou o contrato. É hora de assumirmos a nossa culpa”, cobrou o vice-líder Lucas Ramos (PSB). “Eu votei contra. Defendi doar o terreno para casas (populares)”, isentou-se Cleiton Collins (PP).
A discussão acabou derivando para um acerto de contas e “lavagem de roupa” da Arena. “Boa parte da oposição estava aqui e aprovou. Tudo era empolgação. Infelizmente não executamos (o projeto) como projetamos”, acusou Rodrigo Novaes (PSD). “O projeto foi fiscalizado e aprovado pelo TCE”, lembrou Aluísio Lessa (PSB), numa indireta a Romário, que integrava o tribunal.
O petebista revidou afirmando não culpar governos, mas querer só respostas para dúvidas: “É preciso a base do governo trazer respostas. De quem é a culpa da Cidade da Copa não sair? Por que não fizeram a mobilidade? O será feito do projeto?”, provocou Romário Dias.