As declarações do governador Paulo Câmara (PSB) sobre o resultado da audiência dos gestores nordestinos com a presidente Dilma Rousseff (PT) na última quarta-feira foram bastante moderadas. A decisão da petista de condicionar o apoio aos pleitos solicitados à aprovação do pacote de ajustes fiscais no Congresso Nacional, no entanto, teve repercussão negativa entre os aliados do socialista. Integrantes da base governista falaram em reserva o que o governador não pôde dizer, seja por polidez ou para evitar maiores dificuldades no diálogo com o governo federal.
Um dos auxiliares do governador classificou a audiência como frustrante. “Compreendemos que há dificuldades econômicas, mas a partir do momento em que a presidente convoca os governadores para uma conversa ela gera uma expectativa. O diálogo, porém, não foi nem aberto. Ela simplesmente chamou os governadores para dizer que só tem conversa depois da aprovação dos ajustes fiscais”, relatou um aliado, sob anonimato.
Os governadores apresentaram a Dilma uma pauta com cinco itens e pediram acesso a financiamentos internos e externos de acordo com a capacidade de endividamento de cada Estado, continuidade dos investimentos federais em andamento, alternativas de novas fontes para o financiamento na saúde, prioridade para o Nordeste no início do funcionamento do Sistema Único de Segurança Pública e a intensificação de ações para o combate à seca
Para outro interlocutor de Paulo, Dilma deveria ter mais atenção com os governadores nordestinos uma vez que a maior parte dos votos que ela recebeu nas eleições de 2014 saiu da região. O aliado do governador fez questão de lembrar que a petista teve a preferência de 71,69% do eleitorado nordestino contra 28,31% que optaram votar em Aécio Neves (PSDB). A avaliação é de que Pernambuco ainda merece atenção especial porque Dilma ganhou de Aécio em quase toda as cidades com exceção de Taquiritinga do Norte, no Agreste.
O roteiro traçado pelo governador após a reunião com Dilma não abriu espaço para declarações mais ácidas, mas entre os seus aliados não há cessar-fogo. As críticas convergem para o fato de que Dilma errou ao não promover os ajustes fiscais em 2014. “Os Estados passam por uma série de dificuldades que não geraram. Pagamos uma conta que não é nossa. Os empregos estão derretendo”, reforçou um governista.
INVESTIDORES
Ontem, Paulo passou o dia no Rio de Janeiro em conversas com potenciais investidores privados. Os detalhes da agenda, no entanto, não foram repassados pela assessoria do governo. Ele retorna ao Recife hoje e no início da noite segue para a cidade-teatro de Nova Jerusalém, em Brejo da Madre de Deus, no Agreste, onde irá assistir ao espetáculo da Paixão de Cristo.