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Reforma Política é tema de debate no programa Supermanhã

Joaquim Francisco, Maurício Rands e Humberto Vieira de Melo discutiram a crise política enfrentada pelo País

Mariana Mesquita
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Mariana Mesquita
Publicado em 30/03/2015 às 21:22
Foto: Michelle  Souza/Acervo JC Imagem
Joaquim Francisco, Maurício Rands e Humberto Vieira de Melo discutiram a crise política enfrentada pelo País - FOTO: Foto: Michelle Souza/Acervo JC Imagem
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A atual crise e a perspectiva de uma reforma política foram o tema de um debate hoje, no programa Supermanhã, comandado por Geraldo Freire, na Rádio Jornal. Juntamente com o advogado Humberto Vieira de Melo, participaram do encontro o ex-deputado federal Maurício Rands e o ex-governador Joaquim Francisco, que no momento estão afastados da vida política.

Rands afirmou que as mudanças são necessárias, afirmando que "há um anseio legítimo da sociedade" neste sentido. "Do jeito que as coisas estão, as pessoas não estão se sentido contempladas pelo sistema político. Todo mundo percebe que há uma relação absolutamente promíscua e indevida entre a administração pública e o mundo corporativo. Ou a sociedade percebe uma mudança, ou a gente não sabe onde vai bater. Como é que a gente vai reconstruir o Brasil?", indagou.  

Joaquim Francisco rebateu, alertando  que "essa visão de queijo suíço, de que está tudo podre, não pode contaminar todas as instituições", e que o necessário seria "melhorar os padrões de acompanhamento do processo".  "Vamos utilizar a palavra crise em sua etimologia, de purificação. Vamos discutir esse problema, temos milhares de pessoas desempregadas, será que pode haver uma solução transparente, aberta? A gente tem que confiar em alguma coisa, se possível, e não simplesmente amaldiçoar a escuridão", declarou.

Humberto Vieira de Melo, por sua vez, defendeu que haja a punição de corruptores e corrompidos, mas sem que o povo brasileiro sofra as consequências disso. "Se a punição sobre as empresas envolvidas for a suspensão de seu funcionamento, quem sairá perdendo na verdade são os empregados. O não-funcionamento de uma grande empresa significaria desemprego. A punição do empresário, o acordo de leniencia, deveria estar ligada a uma nova governança", comentou.

REFORMA POLÍTICA

Os três debatedores defenderam a tese de que a reeleição para presidente, "como previsto pelo ex-presidente Itamar", mostrou-se desastrosa para o País, e concordaram sobre a necessidade de mudar o atual esquema de coligações que permitiu a eleição de virtuais desconhecidos e deixou de fora candidatos bem-votados, entre os quais o próprio Joaquim Francisco.

"Creio que a reforma que o povo quer é diferente da reforma que os políticos pregam.  Não existe mágica diante dos problemas nacionais, é preciso uma reforma mais profunda, uma mudança de mentalidade, um exame ético de cada cidadão, uma responsabilização de cada cidadão perante as escolhas que tem feito. É preciso cobrar do cidadão, dos políticos, das empresas, das instituições. Como o negócio é complicado demais, não acho que uma reforma política vá resolver todos os problemas do Brasil. Penso, porém, que alguns dos pontos que estão sendo debatidos na Comissão Especial da Reforma Política vão numa boa direção", avaliou Maurício Rands.

Ele defendeu a coincidência geral de eleições, unificando os cinco atuais pleitos a cada cinco anos e proibindo a reeleição para os cargos do Executivo. "No Brasil, a eleição tem custos elevadíssimos para a sociedade e paralisa o País, não pode haver convênio, não pode haver nomeação, o ritmo das obras públicas, dos programas, é sensivelmente diminuído a cada dois anos", argumentou.

Joaquim Francisco discordou de Rands em relação à coincidência de eleições. "O sistema que temos a cada dois anos não é o obstáculo. Sou, sim, a favor do fim das coligações,  o atual sistema é um verdadeiro sarapatel", apontou. Segundo ele, as alterações no sistema "são quase um consenso". "Eu não acredito que o congresso atual vá votar uma reforma política, nem acho que ela seria a panacéia para resolver todos os problemas. Você pode fazer uma lipoaspiração no que está ai, dar uma melhorada, discutir questões como o financiamento de campanha, o sistema público", apontou.

Eles concordaram sobre o risco de que o financiamento público de campanhas possa levar à cristalização das bancadas políticas e consideraram positivas questões como a proibição da coligação de partidos para as eleições proporcionais e a criação de novas nromas para o funcionamento das siglas. "Esse horror de partidos que existe hoje dificulta os processos deliberativos do País. Os partidos são oligarquias, não têm democracia interna", finalizou Rands.

 

 

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