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Política pernambucana na versão Game of Thrones

Consultoria paulista cria mapa para explicar política brasileira através de série de HBO e vê família Campos na luta pelo trono

Paulo Veras
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Paulo Veras
Publicado em 25/04/2015 às 19:00
Ilustração: Ronaldo Câmara
Consultoria paulista cria mapa para explicar política brasileira através de série de HBO e vê família Campos na luta pelo trono - FOTO: Ilustração: Ronaldo Câmara
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Se o palco das disputas políticas brasileiras fosse o mundo ficcional da série Game of Thrones, a ex-primeira-dama de Pernambuco Renata Campos seria a chefe da Casa Campos, uma das famílias na disputa para assumir o Trono de Ferro, relíquia do programa de TV que é ocupada pelo senhor dos sete reinos de Westeros. A metáfora faz parte de um mapa elaborado pela consultoria política Ahead, de São Paulo, que mostra os diversos grupos e partidos políticos brasileiros como se fossem as famílias medievais que batalham pelo poder no seriado da HBO, usando inclusive magias e dragões.

No mapa, que busca aproximar os jovens fãs da série do universo da política tradicional, a presidente Dilma Rousseff (PT) ocupa o trono, mas enfrenta a oposição dos guerreiros do Vale Tucano e do exército liderado pelo presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB), enquanto é ameaçada por ordas de caminhantes públicos, como são representados os protestos pedindo impeachment em todo o País. O vice-presidente Michel Temer (PMDB), que recentemente assumiu a articulação política do governo, é descrito como a “mão do rei”, uma espécia de primeiro-ministro no seriado.

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Nesse cenário, a Casa Campos reúne políticos vindos das terras áridas do Norte e tem o governador Paulo Câmara (PSB), o prefeito Geraldo Julio e a ministra do TCU Ana Arraes como seus principais combatentes. O grupo também tem influência sob políticos como a senadora Marta Suplicy, que vai deixar o PT para se filiar ao PSB, e possui um histórico de alinças com a Casa Marina, com quem se uniu na última batalha pelo trono.

“Devido aos golpes sofridos na última guerra e à súbita perda de seu líder, a Casa Campos tenta se reorganizar e encontrar um novo sucessor”, descreve o mapa. “Embora devastadas e divididas, as terras Verão do Norte ainda têm vários senhores influentes e podem voltar a reunir suas forças a tempo para a próxima grande Guerra das Casas”, completa.

“Não dá para se descartar a capilaridade política construída ao longo de muitos anos pelo Eduardo Campos depois da morte dele. Então, a gente usa a Renata, simbolizando a Casa Campos, para mostrar a influência que esse grupo ainda tem na política brasileira”, explica Gabriel Arantes Cecilio, diretor executivo da consultoria e idealizador do projeto.

Ele conta que desde 2013, quando foi feito o primeiro mapa inspirado na série, o interesse das pessoas por política aumentou, mas a discussão ainda precisa ser mais aprofundada. “Nada melhor que Game of Thrones, um seriado que tem muita trama política, para entregar para um público que normalmmente não teria interesse em ler sobre o assunto e fazer essas ligações”, defende.

Gabriel acredita que existem semelhanças entre a crise política vivida na série após a morte do personagem Tywin Lanninster, que conduzia o reino, e o início do segundo governo Dilma. “Nessa temporada nova, a coisa muda um pouco. Com a morte de Tywin, você vai ter uma corrida de novas alianças para tentar ao máximo alcançar o poder. E a gente vê isso acontecendo na política brasileira. O governo tentanto se estabelecer a oposição buscando encontrar um caminho”, justifica.

No mapa de 2013, o núcleo liderado pelo ex-governador de Pernambuco Eduardo Campos era chamado de “Casa Arraes” e incluia outros políticos pernambucanos como Fernando Bezerra Coelho (PSB) e Jarbas Vasconcelos (PMDB), que não foram citados agora. Paulo Câmara ainda não aparecia no esquema e o grupo da ex-senadora Marina Silva ficava do outro lado do tabuleiro.

Na edição atual, a Casa do ex-presidente José Sarney, aposentado da política, passou a ser liderada pelo atual presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB). Outros dois grupos foram criados para representar melhor o contexto do poder atual: o de Eduardo Cunha e do governador de São Paulo, Geraldo Alckmin (PSDB), que foi reeleito e pode disputar a presidência em 2018. O número de possíveis relações entre os políticos também foi ampliado de três para nove, para representar melhor apoios circunstanciais e disputas internas nos partidos.

 

SÉRIE - Exibida pelo canal de TV a cabo HBO desde 2011, Game of Thrones é inspirada em uma série de livros do escritor americano George R. R. Martin. Na história, várias famílias disputam o poder na terra de Westeros após a morte do rei Robert Baratheon.

Inspirada em um universo medieval, o seriado mostra batalhas violentas, traições e intrigas entre os nobres das diversas terras do continente que ambicionam assumir o trono. Algumas das cenas mais polêmicas incluem o assassinato de vários personagens. A série também é conhecida pela vasta presença de cenas de nudez.

Além do uso da força, o programa também mostra como as famílias que possuem mais ouro ou mantimento conseguem influenciar as demais. Na guerra, os diversos guerreiros também fazem uso de feitiços e dragões para dominar cidades e derrotar inimigos. Ao norte do território, uma muralha de gelo protege o “reino dos homens” de gigantes, selvagens e dos “caminhantes brancos”, zumbis que esperam a chegada do inverno para marchar rumo ao sul.

Em 2014, a HBO anunciou que Game of Thrones atingiu uma média de 18,4 milhões de telespectadores por episódio, se tornando a maior audiência da história da emissora. A série também é considerada a mais pirateada do mundo. Cerca de 7 milhões de downloads ilegais de episódios foram realizados entre 5 de fevereiro e 6 de abril deste ano, segundo estudo da Irdeto, empresa que oferece solução de seguranças de dados para emissoras de TV.

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