Ex-presidente e atual tesoureiro CUT, e filiado ao PT, Sérgio Goiana reconhece que “há um conflito”, hoje, entre o partido e o seu braço sindical, que tem repercussão negativa no movimento sindical, mas não será suficiente para desgastar a relação entre as duas instituições. “Repercute porque sempre votamos no PT, mas quem é militante não vai deixar o partido por esse episódio. Não tem desgaste entre PT e CUT, o desgaste é com os trabalhadores. Cada um cumpre o seu papel. A CUT defende suas bandeiras, independentemente do PT”, diz Goiana. A Central já chamou greve geral para o dia 29 deste mês, contra o ajuste fiscal e a terceirização.
Nas contradições geradas pela MP 665, a oposição na Câmara aproveita para colocar a pecha de “anti-trabalhador” no PT, buscando desmistificar a imagem sacralizada pelo partido. “O PT joga por terra seu discurso de campanha, trai os compromissos assumidos com a população”, acusa o líder do DEM, Mendonça Filho.
Para ele, o governo escolheu o caminho mais cômodo, deixando para os trabalhadores a conta. “Dilma deveria ter tido coragem de cortar na própria carne, enxugar a máquina pública, reduzir ministérios e combater a corrupção”, acusou Mendonça.
O líder da minoria na Câmara, Bruno Araújo (PSDB), lembra que o PT “ vendeu o paraíso ao povo até o dia seguinte às eleições” e que o ajuste foi a maneira encontrada para recompor os gastos do período eleitoral e, indiretamente, os prejuízos causados pela corrupção. “Enquanto tira recursos dos trabalhadores e onera as folhas de pagamento das empresas, Dilma não toma nenhuma medida de contenção nos gastos públicos”, reforça o tucano os ataques ao ajuste aprovado com o voto maciço do PT.
O discurso da oposição tem por base a conjunta econômica e financeira do País e encontra eco no setor acadêmico. O economista da Universidade Católica, José Alexandre Ferreira Filho, diz que a crise é uma consequência dos erros do primeiro governo Dilma, como o excesso de gastos. “Esta é uma situação difícil para o País e para o PT. Porém, se Aécio Neves (PSDB) tivesse sido eleito, seria obrigado a adotar medidas semelhantes. “Neste contexto é mais fácil ser oposição e não ter que arcar com o custo político decisões impopulares”, avalia.