Fechando uma semana morna, e pelo terceiro dia consecutivo, a sessão de hoje (27/05) na Câmara Municipal do Recife foi quase completamente dedicada à discussão sobre um mero voto de aplauso. Os ânimos ficaram tão acirrados que a votação acabou sendo realizada de forma aberta e nominal. Por 16 votos contra 3, o requerimento do vereador Henrique Leite (PT) foi aprovado. Ele propôs parabenizar a Prefeitura do Recife pela realização de um casamento homossexual coletivo, no último dia 23. Como não há sessões às quintas e sextas, só na próxima segunda (01/06) haverá chance de debater temas mais impactantes para o Recife – inclusive, para o segmento LGBT.
A cerimônia em questão já havia sido motivo de debate na segunda (25), quando os vereadores evangélicos Luiz Eustáquio (PT) e Michele Collins (PP) se posicionaram contra o casamento coletivo, que havia sido realizado em homenagem ao Dia Mundial de Combate à Homofobia. Ele citou a supremacia da Lei de Deus sobre a dos homens, enquanto ela invocou o “princípio da isonomia” e apresentou requerimento solicitando a realização de casamentos coletivos nos mesmos moldes, voltados para casais heterossexuais.
Na terça, além de repercutir a sessão anterior, os vereadores passaram a discutir o projeto de lei de Osmar Ricardo (PT), que acabou sendo retirado de pauta após gerar polêmica até mesmo entre seus próprios correligionários. Ricardo propunha a inserção, no calendário de eventos do município, da Parada da Diversidade de Dois Unidos, promovida há uma década na comunidade.
Na sessão de hoje, havia 33 vereadores presentes, 21 dos quais votaram. Destes, 16 se posicionaram a favor do voto de aplauso, congregando tanto defensores como oposicionistas da gestão de Geraldo Julio (PSB). Outros dois preferiram se abster. Já os evangélicos Carlos Gueiros (PTB), Michelle Collins e Luiz Eustáquio votaram contra.
“Não votei contra o que foi feito, e sim por conta da discriminação de só haver esse tipo de privilégio para os homossexuais”, explicou-se Gueiros. Já Luiz Eustáquio denunciou que está sendo vítima de xingamentos por meio de e-mails e posts nas redes sociais, os quais cobram do PT sua punição pelas declarações realizadas na segunda-feira. “Coloquei minha opinião de forma respeitosa, sem perseguir ninguém. O PT deve ser um partido libertário e não repressor”, disse ele, em referência à nota de repúdio divulgada ontem pelo Diretório Estadual do PT em Pernambuco, declarando que sua posição “deve ser objeto de análise nas instâncias do partido”.