O governador Paulo Câmara (PSB) colocou em prática a lição de que a política é feita de gestos e realizou ontem uma reunião no Palácio do Campo das Princesas em torno da atração do hub (centro de voos nacionais e internacionais) que a Latam pretende instalar no Nordeste. A movimentação, de caráter suprapartidário, serviu para pontuar que o Estado tem feito a sua parte e para reforçar a mensagem de que o socialista espera contar com união política e empresarial. “Foi uma reunião que buscou dar os esclarecimentos necessários e pedir o apoio dentro do papel que cada um exerce na sociedade”, falou.
A decisão final sobre o hub, que também está sendo disputado pelo Ceará e Rio Grande do Norte, sairá antes do final do ano. Até lá, o governador garante que terá novas conversas com os principais atores envolvidos no processo. “A gente não pode baixar a guarda. Vamos fazer até o último minuto o dever de casa. O governo tem conversado com as pessoas que precisa conversar e destravado coisas que possam ser entraves”, disse.
Paulo afirmou que já tem o apoio dos governadores de Alagoas, Paraíba, Sergipe e Bahia para conquistar o hub, mas quer ampliar as frentes de a seu favor. O centro de conexões voltará a ser tema de outra reunião na próxima segunda-feira com a bancada federal do Estado. O ministro Armando Monteiro (PTB) foi convocado. “Ele é um pernambucano que tem muito a contribuir para a vinda do hub para o Recife”, falou.
No encontro de ontem, Paulo teve a audiência dos ex-governadores Joaquim Francisco, Roberto Magalhães e Gustavo Krause. Já o líder da oposição ao governo, deputado Silvio Costa Filho (PTB), enfatizou a “largueza” política do socialista. “Em nome da bancada oposicionista, registro o gesto de nos convidar a participar de um momento importante para a economia. Se tem uma matéria que nos une é a vinda da TAM para Pernambuco”, falou, reforçando a tese de que o governador acertou no gesto de promover uma reunião suprapartidária.
NEGOCIAÇÕES - Os números envolvidos na instalação do hub da Latam - um investimento de R$ 3,9 bilhões e geração de cerca de 10 mil empregos - explicam o interesse do governo pelo empreendimento. No entanto, a gestão socialista precisará resolver alguns gargalos. “O mais importante é a gente disponibilizar áreas. As áreas da Infraero e da base aérea são negociadas e disponibilização delas por si só já garante um atrativo importante para os investimentos que a TAM precisa fazer”, explicou o governador.
Já o secretário de Desenvolvimento Econômico, Thiago Norões, fez uma explanação de 45 minutos e explicou a razão de novas áreas terem sido solicitadas pela Latam. “Vamos ter que se fazer um redesenho das áreas internas do aeroporto para mudar o fluxo de passageiro e assegurar a facilidade de conexões”, detalhou.
Por sua vez, Paulo negou que o fato do Aeroporto Internacional dos Guararapes ficar fora do pacote de concessões seja um problema para o Estado e defendeu a isenção fiscal sobre o querose de avião concedida por seu governo. “Estamos em uma disputa. O querosone foi dado porque igualamos o que os outros Estados estão oferecendo. Se os outros estados oferecerem algum benefício diferente vamos estudar e oferecer também”, explicou.