Ao longo dos próximos três anos, o PSDB terá o desfio de escolher entre o senador mineiro Aécio Neves e o governador de São Paulo, Geraldo Alckmin, para ser o candidato que tentará retomar a Presidência da República após 16 anos de governos do PT. Os dois dão neste domingo (5) o primeiro passo para as eleições de 2018 durante a convenção nacional do partido, em Brasília.
Os 51 milhões de votos na disputa do ano passado são o principal trunfo de Aécio como pré-candidato ao Planalto, mas ele também enfrenta revezes como o fato de ter perdido para a presidente Dilma Rousseff (PT) em Minas Gerais, seu reduto político. Já Alckmin, comanda o maior estado do País, que concentra 22,3% do eleitorado nacional. Por causa do cargo de governador, ele não pode viajar pelo País ou bater de frente com Dilma.
“O fator decisivo para a escolha do candidato vai ser quem apresentar nas pesquisas de opinião pública as melhores condições de mostrar que vai conseguir uma vitória eleitoral”, adianta o deputado federal Bruno Araújo, vice-presidente nacional do PSDB. Ele lembra que o estatuto partidário prevê a realização de prévias, mas que a cultura interna é escolher o candidato através de um entendimento. “Se você tiver um candidato muito descolado do outro nas pesquisas, é difícil que haja um movimento de retirada desta candidatura”, avalia.
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Para o professor de Comunicação Política Roberto Gondo, da Universidade Presbiteriana Mackenzie, o PSDB precisa aproveitar o momento de fragilidade da presidente Dilma Rousseff e do PT para fortalecer o seu futuro candidato ao Planalto. “Essa é a maior chance nos últimos 20 anos de o PSDB voltar à presidência. Se o partido perder, será quase como pendurar a chuteira e ir para casa”, avalia.
Evitando antecipar o embate, Aécio e Alckmin chegaram a um acordo para a condução do partido. O senador mineiro será reconduzido a presidência tucana até 2017, enquanto o governador paulista indicará o deputado federal Silvio Torres (SP) para a secretária geral. Tanto Aécio, quanto Alckmin irão discursar como pré-candidatos tucanos ao Planalto durante o encontro.
“O que talvez os outros partidos não tenham, e a gente tem sobrando, são pessoas capazes de comandar o Brasil nesse tempo de dificuldade”, diz o deputado estadual Antônio Moraes, presidente do PSDB em Pernambuco. “As lideranças importantes que nós temos em nível nacional vão ter que entender que a gente só perde hoje para a gente mesmo. Se tiver capacidade de entendimento, a gente com certeza ganha as próximas eleições”, fala, com entusiasmo.
O professor de Ciência Política Adriano Oliveira, da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE), lembra que Dilma pode até ter uma recuperação ao longo dos próximos anos, mas diz que dificilmente a próxima disputa terá um nome francamente favorito. “Você vai ter uma eleição zero a zero. Não vai ter um forte cabo eleitoral como o Lula, assim como não vai ter um forte cabo eleitoral do outro lado”, defende.
Tentando se viabilizar na disputa, Aécio promete visitar 15 estados do País até o final do ano para se cacifar. Em agosto, ele estará em Pernambuco para as homenagens de um ano da morte do ex-governador Eduardo Campos. Segundo Gondo, porém, deve haver uma pressão para que o senador dispute o Governo de Minas para tentar neutralizar a vantagem que o PT teve no estado, o segundo maior eleitorado do País, na última disputa.
“O cenário está muito favorável para o Alckmin”, avalia. “Não ter direito reeleição deixa ele livre para disputar outras eleições majoritárias. Nas últimas três ou quatro eleições, as coalizões do PSB partiam do princípio de que quem não tinham a possibilidade de reeleição eram os candidatos naturais”, argumenta.