O governador Paulo Câmara e o prefeito do Recife, Geraldo Julio, ambos do PSB, se disseram nesta segunda-feira (20) muito preocupados com o reflexo da crise política nacional na economia de Pernambuco, três dias após o presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), anunciar um rompimento com a presidente Dilma Rousseff (PT). Para Paulo Câmara, que anunciou ontem um novo contingenciamento de R$ 300 milhões no orçamento estadual, o momento é delicado em função da crise de confiança no País. Ele afirmou que todos os prognósticos que se tinha para a economia no início do ano pioraram.
“É óbvio que duas instituições como o Poder Executivo federal e o Poder Legislativo federal estarem em estado de conflito é muito ruim porque gera uma instabilidade ainda maior. E nós sabemos que os empresários só vão estar seguros de investir no nosso País, quando virem segurança jurídica e nas instituições”, defendeu o governador, que disse esperar “entendimento e bom senso” dos chefes dos poderes.
Para o prefeito Geraldo Julio, preocupa “a soma de fatores complicadores para o futuro do País”, apesar de dizer que o povo do Recife tem feito a sua parte para reagir a crise. “Em um momento como esse em que a gente tem tido tanta dificuldade na economia brasileira, também ver essa dificuldade na questão institucional dos poderes na esfera federal preocupa. A gente espera que os caminhos sejam encontrados e que o relacionamento institucional seja produtivo para o País poder superar esse momento difícil”, pregou.
Apesar do tom dos discursos, os socialistas foram cautelosos quanto a um pedido de afastamento de Eduardo Cunha da presidência da Câmara, gesto defendido por aliados como a ex-senadora Marina Silva (PSB) e o deputado federal Jarbas Vasconcelos (PMDB). “Não podemos afastar pessoas se não for decisão da lei ou da justiça”, afirmou Geraldo.
Segundo o governador, caberá aos deputados analisar o afastamento do peemedebista. “Nós não temos elementos ainda para questionar o afastamento do Eduardo Cunha”, disse Paulo Câmara.