Oposição x Governo

Marília Arraes compara gestão Geraldo Julio à "pior extirpe da direita"

De licença maternidade, socialista afirma que prefeito está formando exército de cabos eleitorais

Do JC Online
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Publicado em 22/07/2015 às 18:49
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De licença maternidade, socialista afirma que prefeito está formando exército de cabos eleitorais - FOTO: Divulgação
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Ainda falta mais de um ano para as eleições municipais de 2016, mas não há trégua da oposição ao governo municipal mesmo durante o recesso na Câmara de Vereadores do Recife. Nesta quarta-feira (22), a vereadora Marília Arraes (PSB), que entrou de licença maternidade em maio,  acusou o prefeito Geraldo Julio (PSB) de estender os contratos temporários da Prefeitura para obter benefícios eleitorais. "A gente via a pior extirpe da direita fazendo isso e agora a gente está vendo um governo que entrou na eleição se dizendo progressista tendo atitudes da direita mais ferrenha dos piores anos que a gente já viveu na polítca", declarou.

De acordo com a vereadora, Geraldo Julio quer "formar um exército de cabos eleitorais financiados com dinheiro público". A socialista coloca as eleições de 2016 como razão direta pelas ações do prefeito. "É um descaramento, na minha opinião, em um ano pré-eleitoral, chegar e tentar a prorrogação de contrato temporário. Se você pegar a lista de suplentes, pode ver a quantidade de suplentes que estão em cargos comissionados da prefeitura. E isso a gente não sabe os parentes de outros suplentes e de vereadores. Isso é escárnio", falou.

Apesar de Marília Arraes e Geraldo Julio serem do mesmo partido, a vereadora está distante da cúpula da legenda. No ano passado, inclusive, ela fez campanha para o hoje ministro Armando Monteiro (PTB) contra Paulo Câmara (PSB), que terminou eleito governador de Pernambuco. A socialista tem até setembro para trocar de partido e sabe que precisará mudar de legenda para disputar as eleições de 2016. "Pelo PSB, já disseram que não teria a legenda. Até porque não tenho condições de fazer campanha para Geraldo Julio", falou.

Entre os partidos cogitados por Marília estão o PTB, o PDT e até o PSOL. "Venho tendo conversa com outras pessoas do PSB em nível nacional, como deputados e vereadores que estão discordando do rumo que o partido tomou. Vamos ver se tomamos uma decisão conjunta para ver qual partido vamos ou se cada um vai para um lado. A gente tem tido conversas com partido que correspondem à ideologia da gente", argumentou.

Abaixo, leia o artigo em que Marília Arraes crítica a gestão Geraldo Julio

As peripécias do Contratador-Mor

Não se sabe o que é pior: o prefeito Geraldo Julio querer dobrar de dois para quatro anos o tempo em que uma pessoa pode ser contratada temporariamente pelo município ou o governo mentir para os recifenses.

É que, ao mesmo tempo em que o secretário de Administração e Gestão de Pessoas do Recife, Marconi Muzzio, nega que a PCR pretenda aumentar o número de contratos temporários, o prefeito Geraldo Julio determina que a sua base na Câmara de Vereadores aprove uma Proposta de Emenda à Lei Orgânica que duplica o tempo em que alguém pode ser contratado pela administração.

Vamos aos fatos:

1. Em 15 de abril, o prefeito envia à Câmara de Vereadores uma Proposta de Emenda à Lei Orgânica que altera o artigo 63, inciso IX, alínea “b” da Lei Orgânica do Recife. Esta alínea determina que uma pessoa só pode passar, no máximo, dois anos contratada temporariamente – um ano prorrogável por mais um;

2. A alteração de que trata do texto do prefeito aumenta para quatro anos esse tempo – dois anos prorrogáveis por mais dois;

3. O artigo 2 da PELO 70/2015 diz que a nova regra, se aprovada, já se aplica aos contratos em vigor;

4. Ora, em abril de 2013 (quatro meses depois de assumir a PCR), o número de temporários era de 613. Em maio deste ano, o número pulou para 2.034: quase quatro vezes mais – de acordo com reportagem publicada no último dia 11 de julho pelo Jornal do Commercio;

5. O número de comissionados, que havia caído de 2.590 em dezembro de 2012 para 1.328 em abril de 2013, voltou a crescer e ultrapassou o patamar deixado pela gestão anterior: 2.593 – também de acordo com o JC;

7. Já seria um fato reprovável, mas o secretário – orientado pelo “Contratador-Mor” – disse ao JC o seguinte: “Com relação ao contrato temporário, é diferente. Independente de fazer concurso no município, nós trabalhamos com a perspectiva de uma redução brusca desse número”.

Repudiamos veementemente essas condutas, que se avolumam com a aproximação do ano eleitoral. Na tentativa se assegurar sua reeleição, o “Contratador-Mor” usa de táticas reprováveis para formar um exército de cabos eleitorais financiados com dinheiro público. Enquanto isso, dezenas de concursados nas áreas de saúde e educação aguardam a convocação para seus cargos – ocupados por contratados temporários.

O projeto de lei ainda está tramitando na Casa. Temos a convicção de que a Câmara será altiva e rejeitará esta proposta visivelmente eleitoreira.

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