Homenagem

Políticos destacam semelhanças entre Miguel Arraes e Eduardo Campos

Compromisso social é apontado como elo político entre o avô e o neto

Franco Benites
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Franco Benites
Publicado em 11/08/2015 às 6:35
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Compromisso social é apontado como elo político entre o avô e o neto - FOTO: Acervo JC Imagem
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Os aliados de Arraes e Eduardo preferem enfatizar as semelhanças entre eles. É comum a afirmação que o fato do neto ter se iniciado na política pelas mãos do avô - a primeira oportunidade de Eduardo no governo foi como oficial de gabinete de Arraes em 1987 - ajudou a moldar o futuro governador Eduardo Campos. “Ele era o principal aluno, aquele mais aplicado e o que mais entendia os sinais de Arraes”, fala o deputado estadual Aluísio Lessa (PSB) que conheceu o ex-governador na universidade.

Outro aluno dessa época é o presidente estadual do PSB, Sileno Guedes. “Ele teve o privilégio de conhecer o Estado inteiro e de estudar a política e a economia pernambucana ao lado de Arraes, uma escola permanente. O compromisso com os que mais precisam era semelhante”, aponta. O senador Fernando Bezerra Coelho (PSB) pontua mais simetrias. “Eles se assemelhavam na maneira de encarar o futuro e tinham imensa capacidade de escutar, disposição para o diálogo e habilidade para unir pessoas. Como dizia o saudoso Ariano Suassuna, Eduardo não era apenas um novo Arraes, era um Arraes novo”, enfatiza.



O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) analisa o perfil de Eduardo e Arraes. “Certamente a luta para tornar Pernambuco e o Brasil um lugar melhor e mais justo foi um legado que já vinha do seu avô. Eduardo foi um ministro e governador que sempre colocou o povo à frente de suas decisões, a exemplo de seu avô. Tive a alegria de contar com sua inteligência e dedicação nos anos em que foi meu ministro de Ciência e Tecnologia. Muita gente no Nordeste, em Pernambuco, dormiu no primeiro colchão no governo Arraes. Ele sabia para quem tinha que governar”, declara.

Para o ex-governador João Lyra (PSB), o neto seguiu os passos no que ele acha que o avô fazia de melhor. “Eduardo Campos manteve os mesmos compromissos sociais de Arraes. O governador Paulo Câmara (PSB) diz que boa parte das histórias sobre Arraes que teve conhecimento foi contada pelo próprio Eduardo. “Arraes teve uma influência muito grande sobre Eduardo, principalmente na necessidade de estar perto do povo, de fazer uma política que chegue às pessoas”, fala.



O advogado Antônio Campos vê o avô e o irmão com atitudes idênticas. “Tinham enorme fé no povo e na sua capacidade de superar adversidades. Eram dois semeadores de esperança, tinham o olhar voltado para o futuro e lutavam por um projeto de nação”, ressalta. A vereadora Marília Arraes (PSB) avalia os governos dos familiares. “Eduardo teve a vantagem de estar alinhado com o governo federal e isso fez uma grande diferença em relação à gestão dele para Arraes. Quando ele assumiu, se dava valor a quem fazia o Estado moer para a população carente. Ele conseguiu seguir de alguma maneira o que Arraes começou”, diz.

Se Eduardo era considerado um gestor moderno, o mesmo pode se dizer de Arraes na opinião do sociólogo José Arlindo Soares, que escreveu o livro A Frente do Recife e o Governo Arraes. “Foi um político que entendeu o seu tempo, que fez as reformas que a época dele exigia. Aplicou a revolução de 30, que instituiu a legislação trabalhista, em Pernambuco. Só que ele fez isso no campo. O mito de Getúlio foi por ele ter feito a legislação trabalhista. Por isso, Arraes virou mito no campo”, destaca.

Marília também defende a tese de que o avô foi moderno dadas as circunstâncias em que ele governou. “Arraes foi um revolucionário à frente do tempo dele e para efetivar todas as conquistas do seu governo teve que quebrar paradigmas. Ele colocou trabalhador e patrão para negociar. Isso era considerado uma afronta para as classes dominantes da época. Era necessário ter coragem política. Teve que enfrentar dificuldades com governos federais ainda assim conseguiu várias conquistas para classes menos favorecidas”, avalia. 

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