À revelia das alianças que seus partidos firmaram com o PSB na eleição estadual e municipal de 2014, dois políticos competitivos tentam pavimentar o caminho para a disputa pela Prefeitura do Recife em 2016. Tanto a deputada estadual Priscila Krause (DEM) quanto o deputado federal Daniel Coelho (PSDB), que ficou em segundo lugar na eleição de 2012, vêm fazendo críticas recorrentes à gestão Geraldo Julio e externam suas pretensões eleitorais. Com o partido pendurado em secretarias na Prefeitura, a vereadora Isabella de Roldão (PDT) é outro nome que veste a camisa da oposição e diz estar “à disposição do partido” para qualquer missão. De saída do PSB, a vereadora Marília Arraes não poupa críticas a Geraldo Julio. Ela está a caminho do PSOL e, para 2016, marcar posição com uma candidatura majoritária.
Atento às movimentações adversárias, o prefeito criou duas secretarias no alto escalão para abrigar políticos do DEM e do PSDB. A artimanha, porém, parece não ter surtido o efeito esperado. Priscila é incisiva nas críticas à gestão do PSB no Recife, desdobrando a postura de oposição que exercia na Câmara para a Assembleia Legislativa, onde conquistou mandato em 2014. Ela criou, inclusive, um site para acompanhar a situação das obras realizadas pela Prefeitura, o Monitora Recife.
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A democrata diz que a presença da sigla na gestão socialista não impede a candidatura própria. Para Priscila, a gestão municipal deixa a desejar em áreas essenciais, como controle urbano e saúde. “O pé no acelerador continuou no que diz respeito aos gastos e às promessas. Parece que para ganhar eleição tem que se dizer o que as pessoas querem ouvir. Mas você deve fazer promessas se tiver capacidade para cumpri-las”, alfineta a deputada.
O tucano Daniel turbina seu mandato nas redes sociais e tem a pré-candidatura já dada como certa. Nos bastidores, o único fator que pode barrar Daniel é um acordo nacional entre PSDB e PSB. “Tudo o que está sendo construído é para o PSDB ter candidato, mas ninguém vai fazer convenção fora de tempo”, despista Daniel. Sobre a gestão, ele alfineta: “O eixo central da campanha era dizer que estavam inaugurando uma nova política, mas o que vemos é a política mais antiga e mais tradicional, aquela de aumentar secretarias e cooptar por cargos”. Com isso, observa, os candidatos da oposição terão mais oportunidade. “Não vejo como não ser um cenário para dois turnos”, prevê.
Aliada até 2014 de Geraldo, Isabella de Roldão define a gestão como uma “frustração de expectativas”. “Não conhecíamos Geraldo. Ele foi colocado como algo novo, técnico. E vemos que faz hoje a velha política, na base da perseguição”, disse. A vereadora Marília, que já foi secretária de Geraldo, disse que o modo de gerir do prefeito é “travado”. “A máquina é travada. Quando funciona é para favorecer aliados, como foi com Felipe Carreras”, alfinetou.