O caminho que deve ser percorrido pelo governo para voltar a se enquadrar na Lei de Responsabilidade Fiscal (LRF) é simples, ao menos em teoria: ampliar as receitas e cortar as despesas de forma que o Estado tenha mais dinheiro. Com dificuldades para receber recursos do governo federal ou conseguir operações de crédito, o governador apostou em um pacote de ajuste fiscal - aumento de IPVA e ICMS, na prática - para injetar mais dinheiro no caixa estadual. A medida se soma a um plano de corte de gastos internos de quase R$ 1 bilhão.
Para o professor de Orçamento e Contabilidade Pública da Faculdade dos Guararapes, Humberto Cruz, o governo precisa enxugar a folha de pagamento se não quiser ter problemas futuros com a LFR. “Em um momento de crise como esse, os governos, estadual e federal, têm que focar na despesa e não em receita. Não tem saída. Os cortes realizados ainda não estão surtindo efeito. Primeiro, tem que cortar o máximo de comissionados e terceirizados. Depois, reduzir os investimentos. São políticas que causam impopularidade, mas precisam ser feitas”, apontou.
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O presidente do Sindicato dos Servidores Públicos Civis de Pernambuco (Sindserpe), Renilson Oliveira, cobra transparência do governo. “O governador fala em crise econômica desde o início do ano, mas não coloca para os servidores o tamanho da crise interna. Ele recebeu o Estado saneado ou com algum déficit do governo passado? Não sabemos se recebeu uma herança maldita”, enfatiza.
A reportagem procurou o secretário da Fazenda, Márcio Stefanni, mas foi informada de que ele está viajando e comentará as contas do Estado na próxima semana em audiência na Assembleia Legislativa.