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No Recife, Serra defende 'outro tipo de análise' para decretos assinados por Temer

Uma das justificativas do pedido de impeachment da presidente Dilma Rousseff (PT), decretos também foram assinados por Michel Temer como vice-presidente

Paulo Veras
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Publicado em 11/12/2015 às 20:00
Foto: Wagner Ramos/SEI
Uma das justificativas do pedido de impeachment da presidente Dilma Rousseff (PT), decretos também foram assinados por Michel Temer como vice-presidente - FOTO: Foto: Wagner Ramos/SEI
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Em passagem pelo Recife nesta sexta-feira (11) para uma palestra no Palácio do Campo das Princesas, o senador José Serra (PSDB-SP), uma das principais lideranças da oposição no país, defendeu "outro tipo de análise" para a assinatura de decretos sem aprovação do Congresso pelo vice-presidente Michel Temer (PMDB), em relação à que é feita sobre a presidente Dilma Rousseff (PT), cujos decretos são uma das justificativas do pedido de impeachment da petista. Ele também disse concordar com o presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-RJ), que pediu ao Supremo Tribunal Federal (STF) para que os senadores sejam ouvidos antes de um eventual afastamento de Dilma.

Leia abaixo a transcrição da entrevista do senador tucano na capital pernambucana:

PSDB UNIFICA DISCURSO SOBRE IMPEACHMENT

Foi pela complexidade do quadro. Às vezes, quando você não sabe direito o que é que você tem que fazer no dia seguinte, não é por preguiça. É porque o assunto é complexo e muda a cada dia. Essa semana aqui, cada dia teve uma bomba. Concorda? Deu uma e meia bomba por dia de notícia. Então as coisas estão mudando. Então as vezes, o partido hesita por falta de conhecimento e de domínio da situação e não por diferenças. Elas são secundárias.

PEDIDO DE RENAN PARA O SENADO SER OUVIDO SOBRE O AFASTAMENTO DE DILMA

Eu acho que ele tem razão. Já me disseram e eu acho que ele tem razão. Evidentemente, o STF tem o seu papel constitucional. Nesse caso, já há regras definidas no próprio passado. Eu acho que o próprio STF reforçou isso quando mudou uma resolução feita pelo presidente da Câmara. De maneira que eu não vejo razão agora, ou viabilidade, em criar uma nova legislação a esse respeito.

MOVIMENTAÇÃO DO SENADO É FAVORÁVEL À DILMA?

Eu acho que não há nenhuma relação. O que o presidente do Senado manifestou foi a sua preocupação em preservar o papel do Poder Legislativo no Brasil. Até porque a observação dele é correta.

CONVERSA COM GOVERNADORES SOBRE IMPEACHMENT

Não. Esse evento de hoje foi marcada há mais tempo. Evidente que a gente conversa sobre isso. Politico, quando você encontra, você conversa sobre as questões principais do Brasil. Mas ele não é um périplo nessa direção.

GOVERNO DE UNIÃO NACIONAL

O que eu acredito é o seguinte. Vamos ter um processo de impeachment. Provavelmente, a presidente Dilma perderá o mandato. Se não perder, continuará - e aí é o que ela deseja também. Embora aí vá ter muitas dificuldades de tocar o país adiante. E, nesse sentido, nós temos que nos preocupar com o day after, com o que vem no dia seguinte. A hipótese de o vice-presidente Michel Temer assumir o governo ela é grande. E se isso acontecer, nós todos temos que fazer um esforço para termos uma união nacional para reconstruir o Brasil. Porque a situação que nós estamos atravessando é gravíssima. Eu dei aí os dados. Entre este ano e o ano que vem, o PIB cai mais de 6,5%. Este ano, mais o próximo, serão 3 milhões de desempregados. Pernambuco até agosto e setembro perdeu 70 mil empregos, isso deve ir a cem mil até o final do ano, e outro tanto no ano que vem, num ritmo até mais forte. Por quê? Porque é o conjunto da economia que está desabando. E com esse conjunto desabando, diminui o dinheiro para gastos sociais, aumenta o desemprego, enfim, consequências muito dramáticas. E a gente tem que procurar uma saída para isso.

APOIO DO PSDB AO PMDB

Não. Seria o PSDB apoiar um governo de união nacional. Que terá que ser feito a partir de um entendimento sobre o que fará o próximo governo. Mas não é propriamente você apoiar tal partido, não se trata disso. Trata-se de você apoiar um governo, que sucederá um governo muito fraco e que tem uma responsabilidade enorme no futuro, de reconstruir o Brasil. E as negociações para efeito de participação no governo devem ser feitas com esse critério: o interesse do país.

DECRETOS ASSINADOS POR TEMER

Eu não conheço o processo, eu não vi essa movimentações. Mas evidentemente ele assume um papel transitório. Nenhum vice-governador, vice-prefeito ou vice-presidente que assume monta um novo governo, não é? Ele vai na base daquilo o que o governo está fazendo e trabalha rotineiramente. Eu acho que aí seria outro tipo de análise e outro tipo de classificação.

APOIO DO PSB AO IMPEACHMENT

Eu ouvi o governador Paulo Câmara como eu tenho ouvido muitos outros. Mas o motivo da minha visita aqui não foi em torno da questão do impeachment. Como ele está do meu lado ele tem uma posição que poderá explicar. Agora, o fato é que o que eu encontro dentro do PSB, geral, isso é quase unânime, é uma vontade imensa de que essa crise seja equacionada e resolvida. E, nesse sentido, no Congresso nós trabalhamos juntos. No Senado, eu trabalho normalmente com o pessoal do PSB e com a bancada. Há posições diferentes, há. Mas há um interesse maior no sentido de que todos querem uma saída.

MANOBRAS DE CUNHA NO CONSELHO DE ÉTICA

Eu não entendi bem o que aconteceu tecnicamente. Mas eu acho que não é bom postergar as coisas porque vai criando um cículo vicioso que tem implicações inclusive na questão do impeachment. Então, eu espero que o pessoal encontre maneiras de resolver rapidamente todas essas questões pendentes.

CANCELAMENTO DO RECESSO

A Câmara sozinha não pode fazê-lo, tem que ser o Congresso no seu conjunto. Eu acho que quanto mais depressa, melhor.

PROTESTOS PRÓ-IMPEACHMENT

Eu acho que é importante. Mas eu acho que o mais importante de tudo vai ser as pessoas julgarem, a medida que a questão apareça e a possibilidade da votação, o que é que vai ser. Eu não tenho dúvida que o começo do processo de impeachment vai provocar uma espécie de plebiscitação na cabeça das pessoas. Eu não tenho a mesma preocupação quanto ao tempo: se é melhor deixar para depois ou para antes. Eu acho que tem que ir o mais depressa possível. E eu tenho certeza que a população brasileira formará o seu juízo e fará chegar o seu pensamento, a sua sensação e a sua decisão aos parlamentares, que são muito sucetíveis a isso. E o que eu vejo realmente é uma tendência de a grande maioria querer que se troque de governo.

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