Dos três governadores que o PSB tem - Paulo Câmara, Ricardo Coutinho (PB) e Rodrigo Rollemberg (DF) -, os dois nordestinos divergem publicamente sobre o apoio à presidente Dilma Rousseff (PT). Coutinho agendou para esta terça-feira, às 10h, em João Pessoa, a mobilização “A Paraíba Pela Democracia: Golpe Nunca Mais” e convidou o pernambucano para participar, mas recebeu um "não" como resposta.
"Fui convidado, mas não vou. As posições do Coutinho são diferentes da minha. Considero que o impeachment não é golpe, está previsto na Constituição, mas é uma coisa muito séria. Não se pode levar a condução de um processo de impeachment com base na chantagem que o Eduardo Cunha (PMDB-RJ) está fazendo. Tenho a plena convicção de que há um processo que precisa ser finalizado, mas diferentemente do Coutinho nós não apoiamos o governo Dilma. Não votamos em Dilma", afirmou Paulo.
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O governador pernambucano reforçou que não é contra o processo de impeachment, mas que não vê elementos suficientes para o afastamento de Dilma. "Tenho conversado com muita gente sobre essas questões das pedaladas, inclusive com colegas do Tribunal de Contas e há uma fragilidade em apontar com base na pedalada o crime de responsabilidade. Mas isso é uma opinião técnica", falou.
Cuidadoso ao escolher as palavras, Paulo Câmara também procurou mostrar que está sintonizado com Ricardo Coutinho apesar da divergência de opiniões. "O que a gente quer é que se resolva logo e o Coutinho também quer isso. É importante que haja uma mobilização também de muita gente para que não haja recesso, para que seja discutido ao longo de janeiro, para que a gente possa começar 2016 com isso resolvido", falou.
Por sua vez, Ricardo Coutinho reforça as declarações de Paulo Câmara sobre a "chantagem" que estaria sendo feita em Brasília. “O Brasil precisa de estabilidade, não de ameaças e chantagens. A decisão do presidente da Câmara dos Deputados de aceitar abertura do processo de impeachment da presidente Dilma aponta em sentido contrário, ao qual as instituições e a sociedade civil precisam responder. O povo não merece isso e ao Poder Legislativo não convém ser presidido por alguém movido pelo ódio. A democracia brasileira, tão jovem e tão duramente conquistada, não pode ser refém de chantagem de qualquer natureza”, ressaltou.