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Após 20 anos de sua concepção, Via Mangue fica pronta

Prefeitos que comandaram o Recife nesse período enfrentaram manobras políticas para viabilizar o projeto

Mariana Araújo
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Mariana Araújo
Publicado em 16/01/2016 às 16:04
Foto: Fernando da Hora/JC Imagem
Prefeitos que comandaram o Recife nesse período enfrentaram manobras políticas para viabilizar o projeto - FOTO: Foto: Fernando da Hora/JC Imagem
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A Via Mangue, uma das principais obras viárias da história do Recife, finalmente está pronta. Mas tirá-la do papel não foi uma tarefa fácil. A obra, que liga os bairros do Pina e Boa Viagem, numa alternativa de trânsito na Zona Sul, desafogando as avenidas Domingos Ferreira e Conselheiro Aguiar, um dos principais entraves da cidade, começou a ser concebida ainda na gestão de Roberto Magalhães, cujo projeto inicial chamava-se Linha Verde. Algumas alterações no projeto foram feitas e hoje a Via Mangue sai após um “parto político” que demorou 20 anos, atravessou cinco mandatos municipais e três presidentes da República.

Mas não é porque ela está pronta que a briga política se encerra. Em junho de 2014, quando foi liberada a primeira faixa da via, no sentido Pina-Boa Viagem, o PSB começou a mostrar a sua disposição de brigar pela “paternidade” da obra. Quando assumiu a gestão municipal, em 2013, Geraldo Julio encontrou a obra 38% concluída. Na liberação da primeira faixa, tentou afirmar, através de gestos políticos, a seria uma obra da sua gestão. Cogitou inaugurar a etapa da obra sem a presença da presidente Dilma Rousseff (PT), mas resolveu aguardar a agenda da petista.

Desta vez, faz pressão para que a presidente venha, mas pode autorizar o tráfego de veículos mesmo sem a presença de Dilma. A Caixa, financiadora de 76% do projeto, já enviou relatórios sobre a conclusão da obra para o governo federal desde novembro do ano passado. E, nesta semana, Geraldo Julio ligou pessoalmente para a chefia do gabinete de Dilma, reiterando o convite para a inauguração, prevista para este domingo. Nos bastidores, o clima é de que a paciência da gestão municipal em aguardar uma resposta da presidência está se esgotando. Sem a confirmação de Dilma, a via será aberta ao trânsito.

“Não acho que há um entrave político, foi uma obra pensada desde a gestão de Roberto Magalhães, que passou pela gestão de João Paulo e João da Costa. E a gente conseguiu fazer uma parte muito importante da obra”, disse o prefeito Geraldo Julio. “É uma obra que se esperou durante muitos anos. Precisou vencer etapas durante esses anos, mas a gente conseguiu de fato fazer a obra e entregar para a população. É uma obra de valor muito alto, mas que foi viabilizado”, acrescentou.

Só para tratar de Via Mangue, Geraldo Julio foi mais de 20 vezes a Brasília, para destravar o processo e viabilizar recursos. O último montante, no valor de R$ 80 milhões, chegou no segundo semestre do ano passado, suficientes para concluir a obra.

PATERNIDADE

Para Geraldo Julio, a obra é essencialmente municipal. Dos R$ 431 milhões aplicados, R$ 81 milhões são de recursos da Prefeitura, R$ 331 milhões de empréstimo da Caixa e R$ 19 milhões de aportes da União. “É uma obra do povo do Recife, mas para se falar dos recursos, a grande maioria é da Prefeitura do Recife. Estamos falando de aportes da Prefeitura e de empréstimos que foram feitos e que já estão sendo pagos pela população”, explicou o prefeito.

João Paulo (PT), ex-prefeito do Recife, responsável pela 1ª etapa da Via Mangue, que engloba o túnel do Pina e ruas no entorno, discorda. “É uma parceria. Sem o governo federal, não tinha como fazer um projeto desse. Acho que tem que separar da questão eleitoral. Essa obra foi muito eleitoralizada”, disse o petista.

“Todas essas discussões são irrelevantes. A cidade precisava de uma obra para melhorar o trânsito na Zona Sul. Todo mundo teve uma participação no exercício do seu mandato, isso é que é gestão pública”, avaliou João da Costa (PT).

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